quarta-feira, 2 de maio de 2012

Crônica - Ano V - Nº 182 - "49 do segundo tempo"

Essa semana, passando por alguns vídeos de futebol que curto, relembrei de um jogo onde estava tudo perdido até os 48 minutos do segundo tempo. 0x0, o time da casa precisando de um gol da vitória contra um adversário extremamente retrancado.

Quando tudo parecia perdido, eis que o lateral-direito avança, com velocidade incrível, cruza e o atacante reserva estica o pé para fazer o gol salvador. Gol da classificação. 49 do segundo tempo. Vitória arrancada à unha.

A vitória do time acima, na raça e no último minuto, é inspiradora também para os seres humanos. Uma grave doença, onde o paciente se cura quando estava desenganado... aquele trabalho pra ontem que achamos que não daria tempo de concluir, sai em cima da hora... o imposto de renda (tá, eu sou isento, mas sei qual a barra de quem declara), às 23h59, entregue. Ou mesmo o padroeiro dos 49 do segundo tempo, São Dimas, que arrancou seu Céu à unha, ao defender Cristo na Cruz. Ou seja, brigar até o último suspiro faz parte da natureza humana, também.

Conversando recentemente com um amigo que estava muito triste, este confidenciava: "não tem mais jeito, sou um caso perdido, quero desistir". Desistir, aliás, virou palavra corrente em nossos dias: basta ver como aumentam o número de suicídios, dependência de remédios, divórcios e relacionamentos, ou mesmo a fixação em um emprego. Desistir é corriqueiro: basta ver um defeito, uma birra, e pronto: desiste-se, mesmo que essa desistência seja de um sonho particular, um ideal de vida. É o caminho mais fácil... mas pode ser o mais covarde.

Perseverar em seus sonhos, metas, desejos, alimentar essa perseverança alimenta também nossa vida. Uma vida sem desafios, de favas contadas e lassidão, sem colocar o cinturão em disputa é condenada a ser uma vida medíocre, sem perspectivas e que somente é levada com a barriga. O homem, por si só, precisa se desafiar, encarar o que quer de verdade, sob a pena de fracassar não só naquela ocasião, mas também em toda a vida. Ah, mas muitos vão dizer: há casos que eu vou perder, que o final é fato e que é preciso partir pra outra... Verdade, mas antes, faça-se a pergunta: fiz o que estava ao meu alcance? Tentei, utilizei todas as possibilidades? Fui até os 49 do segundo tempo nessa luta e caí de pé, ou joguei a toalha na primeira curva arriscada, tal qual o motorista que vacila e não quer mais dirigir na primeira ladeira ou estacionamento que o carro enguiça? Se temos sinceridade em nossos objetivos, se fazemos tudo que pudermos, a derrota pode até vir... mas ninguém jogará na sua cara que você não tentou e brigou. E os méritos virão.

Creio eu que você, aquele seu amigo, eu mesmo tenhamos nossas lutas e objetivos que parecem sucumbir à derrota certa, pois aparentemente jogamos todas as fichas, e "perdemos". Mas que tal reagirmos e irmos lá brigar, e quem sabe transformar essa derrota em vitória de virada, na raça, que nem o time citado na crônica? Tenha certeza de que a vitória virá muito mais saborosa, com mais sabor que um fátuo e sem graça 4x0 contra um time pequeno, por exemplo.

Se quisermos, agora mesmo a bola do jogo está vindo em nossa direção: cabe só a nós, com nossa força e fé, decidirmos por arrematá-la para o gol... ou deixá-la passar, pra nunca mais voltar, e assim admitirmos uma derrota que poderia, sim, ter sido evitada. Bora jogar, e marcar o gol salvador que vai entrar para nossa história? 

Até os 49 minutos do segundo tempo é jogo. O jogo da vida. ;)

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