sábado, 14 de abril de 2012

Crônica - Ano V - Nº 181 - "Quando falta a inspiração"

Tenho que admitir que tirar as linhas dessa crônica não foi nada fácil: as preocupações profissionais, acadêmicas e pessoais pesaram bastante nesse mês de Abril. Os corres de mestrado e pedagogia, os relacionamentos, a molecada, os amigos... como girar todos os pratos de uma vez?


Tem dias que não adianta: a inspiração é pouca, você gostaria de soltar aquela piada ou aquele comentário, e... nada. Esses dias não são raros. E aí, o que fazer?


Certa amiga disse uma vez que ninguém é obrigado a estar 100% todos os dias: terão dias em que o ônibus vai apertar além da conta, em que o sorriso poderá não sair tão fácil e falta a inspiração. E o que é pior: poderemos chegar no final do dia nos lamentando, de que poderíamos ter feito diferente, ou mal humorados. Dilema. Entretanto, quem pensa assim esquece que a vida e seus dias estão feitos do começar e recomeçar.


Para um dia pouco inspirado, o recomeçar: podemos recomeçar ali mesmo, ao ler uma página de um livro empoeirado, ouvir um trecho de música ou um simples passeio a pé. Se mesmo assim não vier a inspiração, e colocar a cabeça no travesseiro e começar um novo amanhecer, no dia seguinte. Mas o principal: querer lutar para recuperar essa inspiração, olhar a futura inspiração em nossa falta de inspiração. Como fizemos no início dessa crônica: os dias onde aquele pensamento que queríamos não aparece existem e incomodam, mas das duas uma: ou vamos buscar na falta de inspiração o ensejo para a inspiração que queremos, ou condenamos todos os nossos dias para uma rotina enfadonha e vegetativa, onde não vivemos, mas sim "vamos levando".


Se você, assim como eu nos últimos dias, estiver com uma falta de inspiração danada por conta de outros pensamentos, que tal ir buscá-la lá onde você não imaginava: ao arrumar o guarda-roupa ou ir até a padaria, por exemplo? Ali pode surgir um novo ímpeto e uma nova história, tal qual Deus gosta de escrever com a gente, nessa vida ao vivo em que vivemos. E se mesmo assim ainda não vier a inspiração, encoste aí e desligue um pouco. Afinal, dos sonhos e do "nada" é possível também tirarmos uma nova inspiração. Taí um dos segredos que Deus nos contará lá em Cima, quando nos perguntarmos sobre esses dias mais banais: na verdade, eram aí nesses dias banais e que não houve A inspiração que solidificamos os dias inesquecíveis (tal qual fez Cristo, "desaparecido" por 30 anos de vida oculta e com certeza de dias mais e menos inspiradores) e mal sabíamos. Caçar leões nos corredores de casa, como diz a lenda de Tartarín de Tarascon, não é a nossa: de quando em vez, um rato, barata ou uma lagartixa. No resto, é sabermos lidar com os dias em que o comum tomará conta, fazendo omelete com um ou nenhum ovo. E é possível fazermos omeletes boas mesmo assim, como vimos...


Bora lá buscar uma inspiração? Eu achei, exatamente na falta dela. 
       
São Paulo, 14/04/2012. W.E.M.

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