sábado, 17 de dezembro de 2011

Crônica - Ano V - Nº 174 - Feliz N-A-T-A-L


Esta crônica é escrita faltando poucos dias para uma das maiores festas da cristandade: a luz do Natal já começa a ficar mais próxima. Enfeites preparados, lista de presentes atualizada, ceia programada... tudo ok.


Tudo ok? Vejamos.


Andando pelas ruas da cidade (seja em Sampa, seja no Recife, onde estive há alguns dias), é muito comum vermos o tradicional "Feliz Natal" dar lugar ao "Boas Festas". E não só isso: saem os presépios e menções ao verdadeiro sentido do Natal e entram as promoções (50% de desconto, comprem já), duendes, Papai Noel, luzinhas...


E o mais interessante ainda é que são esses, que na noite de 24 para 25 de Dezembro, irão brindar com seus champanhes caríssimos, seus presentes de amigo-secreto para mostrar e desejar Feliz Natal, ou "Boas Festas". E surge a questão: será que elas sabem o que estão comemorando? Festas? Que festas?


Eu, adorando o Natal, sou daqueles que concordam muito com algumas pessoas que detestam o Natal. Pois esses, ao menos, fogem da hipocrisia de comemorarem algo que em que não creem. O Natal é uma festa universal, que é de todos, onde valem as luzes e símbolos citados (enfeites, Papai Noel, Árvore...) mas só ganha sentido especial quando se faz a devida menção sobre quem é o anfitrião da festa. Fico me imaginando: já pensou se estivéssemos na festa de aniversário organizada por um de nosso melhores amigos, e evitássemos dizer o nome dele durante toda a festa, inclusive na hora dos "parabéns"? Estranho, não?


Nesta semana de Natal, deve ficar o convite para toda a humanidade a reflexão em torno do Presépio. O que nós, humanos, seríamos capazes de dar ao Aniversariante da festa, sendo convidados a participar, gostando dele ou não. Lembrando que esse Aniversariante da festa não está só na igreja ou no Santíssimo Sacramento. Ele está no nosso próximo, na nossa família, na perfeição em que fazemos nosso trabalho, nas virtudes, na solidariedade, no amor (o maior de seus mandamentos): quando fazemos algum dos atos acima, estamos sem perceber dando enormes presentes a esse Aniversariante, e não somente no 25 de Dezembro, mas nos 365 (366) dias do ano. Isso, creio eu, é independente de credo: quem já não passou pela saia-justa de ir à festa de um aniversariante com quem não vamos muito com a cara, mas estávamos lá, dando o que tínhamos... nem que fosse aquele sorriso forçado.


Vendo as últimas notícias, onde crianças e animais são mortas por motivos fúteis, homens ficam em filas intermináveis por conta de um celular ou revista daquela beldade nua, corrupção descarada, sem falar nas maledicências, murmurações, injúrias nossas de cada dia... fica clara como a culpa de tudo isso passa, sim, pelo afastamento do verdadeiro Natal. Em pegarmos os presentes virtuosos citados no parágrafo anterior e, ao invés de levarmos isso ao Presépio, levarmos a torpeza mostrada nas linhas deste parágrafo ao Menino que vai nascer. Presentes de grego, e ainda acompanhado de "boas festas".


É momento de, mais que desejarmos um FELIZ NATAL (N-A-T-A-L, sem medo de dizê-lo ou substitui-lo pelo tosco "boas festas"), pensarmos em viver esse Natal, pelos próximos 364 dias que irão amanhecer depois do 25/12. O Natal, meus amigos, é um marco de virtudes e bons desejos e ações, mas não deve ser o único marco: ele deve ser fonte de reabastecimento e inspiração em torno do Presépio para os dias que surgem (virtudes e bons desejos e ações SEMPRE, e não nas proximidades do 25/12 somente). O Natal ganha sentido com os outros dias do ano, pois do contrário ele seria uma data hipócrita. E hipocrisia é algo que o próprio dono da festa, Cristo, mais repreendeu em sua passagem por essas bandas. Logo...  


A todos vocês que leem esta crônica, um FELIZ NATAL (N-A-T-A-L, e não "boas festas"), de grandes renovações, pensares, ações, paz. A humanidade conta conosco para fazermos o Natal pelo ano todo, vide as notícias trágicas que aparecem dia após dia. E, mais do que nunca, chega o momento de mostrarmos a todos que a humanidade tem jeito, sim: e isso passa pelo verdadeiro sentido e espírito de Natal, que atualmente, por muitos, foi escorraçado e hoje vagueia torpe, à procura de um lar de esperança que pode muito bem ser o nosso.


São Paulo, 17/12/2011. W.E.M.

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