sábado, 3 de dezembro de 2011

Crônica - Ano V - Nº 173 (Especial) - "A minha Pedreira, 15 anos depois"

No último dia 24/11, fez exatamente 15 anos de minha chegada definitiva a esse bairro que hoje estudo, moro e trabalho, mas que sobretudo amo. Pedreira.

Apesar de ter nascido e crescido na Cidade Ademar (e estudado por lá no meu querido JEC), foi aqui na Pedreira onde pude me desenvolver como pessoa. Deixar meu lado "chorão" e franzino pra trás (quem estudou comigo no JEC ou tem uma convivência comigo desde a infância sabe do que estou falando). Aprender a tomar ônibus 6 da manhã pra ir à escola (passando por baixo da catraca, hehehe). Marcar "contras" na rua ou nos campos da vida (CDM, Campo das Pedras, Sete Campos...). Subir ladeiras, descer ladeiras. Correr atrás do dinheirinho suado. Lutar, em suma.

Também foi aqui onde descobri meu querido CEAP Pedreira, em 2000, e me formei técnico em Eletrônica. Nesse lugar aprendi o meu Caminho, os valores éticos, a como ser um homem de caráter (e lutar sempre por isso, afinal sou humano e até o final da vida irei carregar defeitos e fraquezas e lutar contra elas), a como viver minha cristandade. Onde mudou minha vida, principalmente para dentro.

No meu bairro Pedreira foram horas de estudos na madrugada fazendo trabalhos de escola, preparando para o vestibular. Foi aqui na Pedreira onde pude comemorar com os amigos a passagem no vestibular (e onde eles me rasparam a cabeça). E também foi aqui o palco dos estudos da própria faculdade.

Durante os estudos universitários, dá-lhe migrações pendulares diárias em direção à Zona Oeste. Entretanto, o silêncio do meu bairro era um grande companheiro na volta pra casa. Foi ele a testemunha única de quando eu chegava 1h30 da manhã e subia o morro, após descer do último Eldorado, na Alvarenga. Ou nas vezes em que dormia no ônibus e passava do ponto, e tinha que ir enfrentando suas ruas, até chegar em casa. Lembra, Pedreira?

Hoje, aos 27 anos, tô aqui, trabalhando no meu bairro. Aqui comecei, em 2010, minha carreira de professor, profissão em que me achei como profissional. Também escolhi esse meu bairro como tema do meu mestrado. Hoje tenho a oportunidade de andar Brasil afora levando o nome do meu bairro nos meus estudos, mais do que o nome de minha universidade, pois se a universidade é conhecida, o bairro, infelizmente, ainda não. Voltei às raízes: meu bairro Pedreira, silenciosamente, me chamou de volta pra casa e pediu que a missão se desse por aqui mesmo, nesse quintal. Tanto pelos estudos do bairro e a propagação de seu nome, como pelo meu trabalho, onde trabalho com cerca de 300 jovens que também sonham diariamente em fazer a sua história na Pedreira (e contam com meu trabalho sério para isso), tal como eu, 15 anos atrás e até hoje, e que me dão a motivação e o sorriso para começar cada dia, quando o galo canta às 6h30 da manhã.

O meu destino é ficar por aqui, na Pedreira? Não sei. Não sei se vou estar vivo amanhã, o que farei daqui a pouco, quanto mais dizer se meu destino é ficar por aqui. A vida da gente é cheia de curvas, pessoas, oportunidades que não podem ser desperdiçadas, e que merecem consideração, pois podem fazer a roda da vida girar forte. Porém, onde eu estiver, se me perguntarem minha origem. Vou dizer: Wanderlei Evaristo de Mattos, paulistano, são-paulino... e da Pedreira. E para os que não entenderem o porquê desse "da Pedreira", irei explicar contando a mesma mini-história de vida que contei nessas linhas.

Valeu, Pedreira. Que venham mais 15 anos, ou os que nos restarem. Um dia após o outro e novas histórias pra contar aqui, na minha "acrópole". :)

São Paulo, 03/12/2011. W.E.M.

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