domingo, 13 de novembro de 2011

Crônica - Ano V - Nº 171 - "171: o crime compensa?"


Com esta Crônica de número sugestivo, abre-se o ano V das Crônicas! Parece que foi ontem que comecei a escrever...


E justamente falarei aqui sobre o 171. Afinal, se tem um número que ultimamente anda na moda é o nº 171, infelizmente.


O artigo 171, segundo os códigos do Direito, se refere ao "estelionato": obter para si uma vantagem ilícita, ou na linguagem do povão "passar pra trás", "ganhar um por fora", "sair na boa", entre outras. Refere-se a um crime, andar fora da lei, ser desonesto. No entanto, segundo as notícias que vemos nos meios de comunicação, parece que ser "171" anda "compensando. Os políticos, cometendo seus crimes e desvios e saindo ilesos, rindo de nossas caras. Outro dia, na seção de comentários de um artigo sobre um artista famoso que defendia o namoro e casamento sérios, foram inúmeros os comentários ridicularizando-o, achando-o bonzinho demais, trouxa, que vai ser sempre traído. Muitos acham normal furar a fila, pegar 1000 na balada, encher a cara até vomitar, serem grossos e mal-educados na base do palavrão ou da resposta malcriada. Em suma, está fora de moda ser "bonzinho", usar de correção e caráter. Os outros estranham, acham "fake"...


Vale a pena ser honesto e ter caráter? Vale. Ô se vale.


Os bens que a propina pode comprar, as mulheres fúteis que a lábia ou a promiscuidade pode atrair ou a vantagem que a malandragem gera em nada, mas em nada mesmo, compensam um caráter sólido, forte. Ser "171" pode significar uma vantagem momentânea, um prazer efêmero, mas que não podem lidar com uma senhora incorruptível que vive em cada um de nós: a nossa consciência. A consciência não se esquece: ela tem a capacidade de nos deixar alerta sobre onde pisamos na bola. Podemos fazer a maior bobagem e nos escondermos no meio do oceano, embaixo da cama ou trancado no banheiro: lá está a consciência, pronta para nos lembrar e querendo de nós um sério exame de consciência.


Nada se compara a estar com a consciência sólida de se ter agido com caráter e exatidão. É essa consciência o principal remédio anti-depressão e estresse: ela traz paz, segurança de se estar no caminho certo, de não compactuar com o mal, com a moda, com o que os outros acham normal... mas que não é normal.


Muitos ainda podem perguntar: "ah, mas ser pessoa de caráter exclui, não tá na moda, é ter atestado de trouxa". Errado. Ter caráter na verdade destaca, incomoda, causa mal-estar naqueles que preferem um "jeitinho", e que acaba atraindo aqueles que tem latentes em si o bom senso e a vontade de ir pelo caminho do bem, como bem diz o título da famosa música. Na prática, mesmo aqueles que não morrem de amores pela firmeza de caráter (o "ser bonzinho demais") acabam por ter uma queda e atração, se indagando: "o que essa pessoa tem que me incomoda e atrai? Qual seu segredo?". Quando justamente o seu "segredo" é uma consciência em paz consigo mesma, com sólidos valores que não são trocados como se fossem figurinhas de álbum.


Uma das coisas inevitáveis da vida é, justamente, esse acerto de contas com o que fomos e fizemos. Ele, cedo ou tarde, chegará, e não precisa ser a morte: pode ser a perda de uma pessoa, um momento financeiramente difícil, uma decisão delicada, um filho que esteja dando problemas... opções não faltam para esse encontro acontecer. E como é bom que, quando a sra. consciência vier nos cobrar e encontrar a casa em ordem, nos convide para tomar um chope... Nada há de mais prazeroso na vida, tenha certeza.


Portanto, relaxe se os outros não te dão o valor esperado, se você está quadrado por não abandonar seus princípios e ser quem você é. A vida mostrará que quem esteve na moda e influenciou de verdade a humanidade, deixando um rastro positivo nela, foi exatamente você, pacato cidadão. Enquanto os "171" continuarão a ser somente "171", condenados ao breu da efemeridade e do medo, ao acabar os tempos de "mamata".


São Paulo,12/11/2011. W.E.M.

Nenhum comentário: