Muitas vezes, em capas de jornais, noticiários, é comum o uso do termo "tragédia" para descrever catástrofes, acidentes e outras graves situações. Aliás, é de praxe que o jornalismo anda cada vez mais bebendo na fonte das tragédias para auto-promoção. Traz ibope ver gente chorando e em desespero, chorar com a tragédia alheia.
Porém, coloco aqui outra teoria: de que a tragédia na verdade vem tendo seu real significado deturpado. De que a legítima tragédia mostrada ou vivida vai além do acontecimento ruim.
Primeiramente, quem escreve essas linhas está longe de ter um coração indiferente com as tragédias. É horrível perder um ente querido, ver a notícia de uma catástrofe aérea ou da morte de uma pessoa inocente, ou ver situações desagradáveis e revezes acontecendo com pessoas queridas. Doeu muito, há um ano atrás, topar com o sepultamento de minha avó, assim como doeu recentemente saber das circunstâncias tristes da doença e morte do namorado de uma amiga minha. O ser humano em geral não possui sangue de barata, sofre com o sofrimento alheio, principalmente povos sentimentais por essência, como o brasileiro. Faz parte sofrer, não ficar indiferente à tragédia.
O problema está em quando transformamos essa tragédia e o momento difícil num momento permanente e invencível, quando na realidade não o são. Para isso, a fé. Uma pessoa de fé sabe bem que o Criador está longe de dar pontos sem nó, que não poupou nem o próprio Filho de tragédias, mas que sabia bem que essa tragédia tinha um outro significado: a vitória do Amor com maiúscula. Fala-se muito da lendária ave Fênix, que tinha a capacidade de renascer das cinzas: eu sou adepto de que essa fênix, na verdade, está em cada ser humano de fé, que possui uma capacidade avassaladora de vencer as tragédias e continuar a escrever os capítulos de sua história, mesmo que páginas arrancadas ou tristes tenham acontecido.
A verdadeira tragédia acontece quando ela significa, mais que a morte do ser querido ou um revés, a morte do amor. É o amor, justamente, o principal elemento da fórmula que nos faz sermos fênix a cada momento de dor, fazendo-nos reerguer e continuar a lutar. E o que a mídia anda procurando fazer é enterrar esse amor e lhe dar Missa de 7º dia, e assim promover o pessimismo, a covardia, o ódio e a vingança aos desavisados que olham de longe a tragédia. O resultado disso é visível: mais gente pulando de pontes, depressivas, suicidas, solteironas, que perderam por completo a capacidade de amar e hoje vivem de vegetar nas infindáveis lágrimas ou solidão, sem norte na vida, só fazendo uma tétrica contagem regressiva à espera do momento final. Um desperdício.
Se o dia foi ruim, houve uma circunstância de dor extrema ou os revezes bateram à porta de maneira leve ou agressiva... fé e calma. O importante é respirar fundo, após caírem as lágrimas de um coração preocupado, e mirar no reerguer-se, não deixando o amor morrer. Tem muita gente que depende de que esse amor nosso não sucumba para continuar a jornada, e contam com nosso renascer de Fênix para também terem forças para renascer, por meio de um sorriso no momento difícil, uma atenção quando mais estamos preocupados, a paz no momento de dor e dificuldade. Nosso livro da vida depende de muitos reerguimentos nossos para, a posteriori, ter escritos capítulos brilhantes e inesquecíveis. Pare e pense, leitor: para chegar até aqui, quantas vezes você e eu não tivemos que bancar a fênix e tirar das tragédias amor, hein?
Façamos nossa vida valer a pena, pensando em especial nos papais que já terminaram a corrida de suas vidas com êxito e agora acompanham nossa caminhada de camarote, torcendo como nunca por nossa vitória. Seria um ultraje para eles se nos rendêssemos ao falso significado da tragédia, estacionando na eterna tristeza e enterrando o tesouro do Amor que eles tanto suaram para propagar. Antes da "tragédia" o Amor, sempre!
São Paulo, 09/08/2011. W.E.M.
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