quinta-feira, 21 de julho de 2011

Crônica - Ano IV - Nº 164 - "Um dia de cada vez"

Num recente bate-papo com os amigos, surgiu à mesa a preocupação de um deles com relação ao futuro. Logo ele foi se vendo com seus 40 anos, como seria aquele dia, como estaria sua situação financeira, quantos filhos, qual a mulher, entre vários "teletransportes" para o futuro. Logo, saiu na mesa um debate interessante: afinal, qual o futuro de cada um de nós?

Então, nesse texto coloco minha visão de futuro ideal. Ele, na verdade, estaria no presente. Em um dia de cada vez.

Não que eu não seja futurista. Muito pelo contrário, muitas vezes me pego articulando e costurando os passos futuros em diversos assuntos, já com as medidas dos acertos e erros, chances de êxito e falha. Você, leitor, como eu também com certeza tem aspirações, objetivos, vislumbra o melhor para um futuro não muito distante. E isso é fundamental, principalmente quando pensamos naqueles que dependem de nosso êxito e prestígio para terem também seu êxito (por exemplo, os filhos e netos). Mas sinceramente, esses objetivos vão para uma escala menor, quando penso no que tem pra agora, no máximo amanhã de manhã.

Um professor meu comentou certa vez, com muita naturalidade, que o êxito e sucesso futuro são consequências de ações do presente. Mais ou menos assim: quer um doutorado? Resolva primeiro esse TGI que está em sua mesa. Quer um bom casamento? Tenha um bom namoro. Quer ser diretor? Prepare-se então para o cargo, e suba aos poucos, com cada coisa em seu tempo. E assim para cada sonho futuro que temos: começamos a construí-lo a partir do momento em que focamos no tempo presente, nas tarefas que temos que resolver agora, já! Cristo mesmo, ao ensinar, falou das preocupações excessivas com o futuro e tratou de trazer seus discípulos para a realidade, o que é mais importante agora! E como os tesouros e conquistas que realmente valem a pena viriam em consequência da fidelidade no plano de agora.

Uma amiga minha ficou chocada quando lhe falei de que amanhã nem temos a certeza se estaremos vivos (daí a importância de se agradecer a Deus por cada dia vivido). Assim, por que não por mais intensidade nessa tarefa de agora? Ir lá visitar aquele amigo, tomar aquele sorvete, sair com aquela pessoa já? Mais que viver cada dia como se fosse o último, é viver o dia de hoje com a intensidade de último, com força, garra, fazendo o que se deve fazer, seja um trabalho, um encontro, um momento de descanso. Mas ali, fazendo o que se deve e estando no que se faz, de maneira a terminarmos o dia e olhar para o quanto foi feito nele, lhe dando uma história. E os outros dias (aquele dia lá daqui uns 12 anos que você pensava) começarão a ganhar contorno, tal qual os belos tapetes persas, fiados linha a linha, minuto a minuto, onde o minuto posterior depende exatamente do anterior.

E aí, muitos planos futuros, leitor? Então, qual a meta de agora? Cada dia, com sua história e intensidade, um de cada vez. E chegarás, em paz e segurança, aos seus objetivos.

São Paulo, 20/07/2011. W.E.M.

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