Pusilânime é aquele que exerce a pusilanimidade (oh, que descoberta, e como facilitou, hehehehe), que nada mais é do que covardia, temor em excesso. Agora, a questão: por que falar de pusilanimidade nessas linhas? Não era mais fácil falar pura e simplesmente, covardia? Pois eu diria que não.
Tenho em mente que uma pessoa pusilânime é diferente de um covarde. Covarde é aquele que tem medo extremo de atacar, que treme na base e quase borra as calças diante de um desafio, um placar adverso. Já pusilânime seria aquela pessoa que não ataca simplesmente por querer manter uma "zona de conforto". Sabe aquele soldado que está na guerra, mas prefere se manter lá no fim do pelotão, pra não se ferir, e depois chega todo cheio de pose dizendo que lutou como nunca? Ou aquele time que vê que tem totais condições de golear um time com 9 jogadores e sacramentar a vitória, mas prefere ficar cozinhando o jogo e vencer com um 1x0, gol de pênalti ou contra. Aliás, me inspirei no tema pra essa crônica ao olhar esse futebol mequetrefe em algumas partidas do time que torço e outros. Sair com uma vitória de 1x0 num jogo que era pra ter sido uns 8, e com sorrisinho na cara é um exemplo vivo de pusilanimidade.
Em um blog que leio com frequência, vi uma frase que venho querendo adotar cada vez mais como lema, e que todos nós deveríamos adotar como lema: "o medo de perder tira a vontade de ganhar". Fato! Thomas Edison, Benjamin Franklin, Graham Bell, Santos Dumont, o que tem em comum? Inventores que puseram a mão na massa, e ousaram, arriscaram! E hoje são exemplos de ciência, inventividade, conquista. Mas precisaram arriscar. Aliás, sabe aquele gol bonito daquele craque, ou aquele casamento ou namoro de sucesso, ou ainda o êxito profissional daquele fulano? Só viraram fato a partir do momento que houve uma aposta, uma tentativa, com todos os seus riscos. Poderia ter sido muito mais fácil que os protagonistas dos exemplos acima ficassem na sua, esperando, pra não saírem da zona de conforto, pusilânimes; entretanto, esses jamais teriam conseguido o êxito almejado.
O gostoso da vida é esse jogo de arriscar. Assemelha-se ao filhote de águia, aprendendo a voar. Mamãe águia vai lá, e simplesmente "empurra" seu filhote no vazio, e nada resta ao filhote a não ser... voar! Quantas vezes nós, por puro "cagaço" ou para não nos incomodarmos (ou incomodar os outros), preferimos não saltar do ninho e voar, arriscar, querer algo a mais? Claro que não é fácil, há temperamentos e temperamentos, sem contar que a ousadia sempre precisa estar de mãos dadas com a prudência (saber o momento certo de ousar, sem antecipações ou atrasos). No entanto, será que não estamos deixando passar nesse exato momento uma oportunidade única de sucesso por puro receio ou comodismo?
No trabalho, na caridade, no amor, nos projetos... não sejamos pusilânimes, homens ou mulheres que não deram (nem querem dar) aquele passinho tão necessário para uma saborosa vitória que talvez vá ecoar para a posteridade. Que não repitamos a postura dos dois andarilhos no deserto que, por comodismo e pusilanimidade, pararam de caminhar a 500 metros do oásis, ao encontrarem uma poça d'água. Certamente temos vários oásis a atingir, e talvez não os tenhamos atingido ainda por puro receio ou conformismo barato na hora de dar o passo que falta. Bora arriscar e não nos enquadrarmos do time da palavra difícil do título da crônica?
E que ninguém jamais nos possa jogar na cara: "você não arriscou", na hora em que percebermos que o jogo acabou 0x0 e perdemos a taça no "maior número de vitórias". Pois quem ganha mais pontos: um time que empata duas, ou um time que perde uma partida, mas ganha outra? Enfim, um viva ao futebol, que tanto ajuda a ilustrar as crônicas da vida. Inclusive a pusilanimidade, que é premiada com a derrota tanto no futebol como na vida.
São Paulo, 09/05/2011. W.E.M.
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