terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Crônica - Ano IV - Nº 150 - "Pensando sobre o tempo"

Chegamos à crônica 150, hein? Quem diria que um simples passatempo fosse se tornar uma terapia, um local de opiniões, desabafos, troca de ideias? Adoro escrever, todos sabem disso, e nessa efeméride de crônicas o tema tem de ser pra lá de especial. Nada melhor do que escolher como tema o tempo, um protagonista de nossas vidas. Começou, há três semanas, o tempo do Advento (tempo de preparação para o Natal), onde somos chamados a refletirmos, antes da chegada da Luz do Mundo, sobre como encaminhamos nossas vidas. Temos tempo de estudar, trabalhar, amar, chegar em determinados compromissos. Estamos sempre caminhando lado a lado com esse companheiro chamado tempo.


A questão está em como encaramos esse companheiro. Estive por esses dias em Belém, no Pará, e pude perceber como nós, paulistanos, muitas vezes tratamos o tempo como um adversário cruel: pressa, estresse em querer chegar a tempo, em não se "perder tempo" conversando com as pessoas ao redor... Uma vez, um senhor precisava de informação sobre uma linha de ônibus, e foi perguntar a uma mulher que estava próxima. Essa, com seus fones de ouvido e celular na mão, foi monossilábica na resposta: "não sei". Um "não sei" grosseiro, para terminar taxativamente a conversa, pois não se haveria tempo para perder com aquele senhor. Quem trata mal o tempo fica carrancudo, chato, estressado, sem se preocupar com os outros e suas necessidades. E mais: nunca chega no seu objetivo, pois seu excesso de precipitação não leva a lugar nenhum.


Agora, falemos sobre os que têm o tempo como amigo fiel. Esses não caem no conto tentador da precipitação. Sabem encaixá-lo para os amigos, os amores, as tarefas: não desprezam as pequenas coisas: pude perceber como o povo paraense não abre mão dos pequenos momentos de dar atenção ao outro, seja com um pequeno bate-papo, uma água-de-coco ou uma música de gosto comum. Não sufocam o tempo: sabem deixá-lo às soltas, sem estresse ou querendo dar passos maiores que as pernas. Taí a lida saudável com o tempo que devemos ter: sem pressões, fazer o que se deve, dando a atenção a quem precisar, e cuidando para que cada atitude, acada passo a ser dado, seja feito no momento certo, na hora exata, sem quebrar a "tabelinha" com o tempo.



Vamos aproveitar os dias de Advento para um exame rápido: somos amigos do tempo? Jogamos ao seu lado, ou como inimigos dele? Cuidamos dele com carinho, cuidando das pessoas, tarefas e desafios que estão ao redor? È tempo de semear virtudes, amor-caridade, e quando fazemos isso dispondo um pouco mais de nosso tempo, só temos a ganhar! Hora de dispor tempo aos outros, aos nossos entes e pessoas queridas, aos desamparados, e assim acender uma vela na Coroa do Advento (leia a Crônica 57, no Blog, para lembrar dela). Cuidemos bem desse "senhor da razão" que é o tempo. Pois um tempo bem cuidado cuidará para que nossos sonhos e objetivos se tornem realidade.

São Paulo, 14/12/2010. W.E.M.

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