Há alguns dias, em conversa com uma amiga minha no MSN, esta me comentou de uma dificuldade em particular que está vivendo, ao morar em uma nova cidade: a solidão. Poucos amigos, os que tem moram em bairros e cidades afastados, esquema trabalho-facul-casa. Outros amigos também me comentaram sobre as dificuldades de uma vida solitária (moram sozinhos): você tem e não tem paz, pois se em certos momentos a tranquilidade de estar sozinho se mostra vantajosa, em outros a decepção por não se estar na companhia de outra pessoa prevalece. Quem de nós também não tem esses momentos de certa frustração e vontade de estar na companhia de alguém, num momento de solidão (atire a primeira pedra quem nunca cedeu a um pensamento como esse)? Ah, solidão...
Temos, portanto, dois lados da solidão: um lado bom, onde podemos fugir da bagunça mundana e dos excessos das atuações em grupo ou conjunto para nos encontrarmos conosco próprios; e outro lado ruim, perigoso, onde topamos com a sensação de isolamento e tristeza de não ter com quem compartilhar um pouco ou muito de nós mesmos. Ou seja, a solidão é como vitamina C: quando na dose certa, traz benefícios, mas em excesso é maligna.
O negócio, portanto, é não dar asas excessivas à solidão. Como? Trocando uma letra, a letra "t" pela letra "d". Sai o solitário, e entra o solidário. A melhor maneira de não ceder aos maus pensamentos da má solidão é cultivar a solidariedade. Uma pessoa solidária é aquela que aproveita ao máximo o trato e a companhia com aqueles que lhe são próximos, dando-lhe a atenção, o carinho e a força devidas. O homem ou mulher solidário perdem as noções de fronteira: onde estiverem eles ou os seus amigos, parentes, lá estão eles, armados de doses cavalares de carinho, calor humano, sem se preocuparem com tempo e espaço.
A consequência eficaz dessa postura do homem e mulher solidários é o sufocamento de qualquer sensação de tristeza, que nasce quando damos atenção demais a nós próprios, fazendo explodir o amor-próprio. A solidão ruim é constituída em boa parte por esse amor-próprio overdosado, que nos faz decepcionarmo-nos conosco próprios. E somente é possível sufocar a tristeza do amor-próprio superdosado com seus exatos antônimos: o amor pelos que nos rodeiam. Basta perceber: a tristeza da má solidão que por vezes sentimos vem de mãos dadas com os pensamentos e sensações em torno de nós e só nós, o que constitui o principal veneno que a má solidão pode inocular em cada um de nós.
Portanto, se eu ou você nos sentirmos solitários, calma. Não caiamos nessa! Botemos pra correr essa má solidão voltando o pensamento para as pessoas que nos querem bem, ou mesmo para as pesssoas que vamos encontrar no dia de hoje. E quando essas pessoas não estiverem presentes fisicamente, encontre-as numa prece, música, filme, livro ou a assistir a tevê: isso vai tornar o próximo encontro com elas muito mais prazeirozo que o último! Ah, e onde fica a má solidão na história acima? Ela já tomou um pé-na-bunda junto com o amor-próprio exagerado, expulsos e sufocados pelos valorosos pensamentos e ações voltados primeiro aos outros, e depois a nós.
Nunca estamos sozinhos! Lembremo-nos sempre de que há alguém, num canto desse mundão de Deus, lembrando de cada um de nós, sendo solidários conosco. Sejamos solidários para com eles, também. E quando o coração apertar em outros aspectos (vocês sabem quais), deixa que os sábios companheiros tempo-espaço farão suas partes. Fazendo nossa parte no Amor com maíuscula, quando menos esperarmos...
São Paulo, 08/09/2010. W.E.M.
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