quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Crônica - Ano III - Nº 143 - "Solitários & Solidários"

Ano passado, na Crônica nº 86 (dê uma olhadinha no blog que você vai achar), falei sobre a bendita solidão: dos momentos em que nós, humanos, devemos reservar para estar conosco próprios e com o Onipotente. Nessa crônica saída do forno, por sua vez, quero falar sobre uma outra solidão, que é mais amargurante, chata de se viver.

Há alguns dias, em conversa com uma amiga minha no MSN, esta me comentou de uma dificuldade em particular que está vivendo, ao morar em uma nova cidade: a solidão. Poucos amigos, os que tem moram em bairros e cidades afastados, esquema trabalho-facul-casa. Outros amigos também me comentaram sobre as dificuldades de uma vida solitária (moram sozinhos): você tem e não tem paz, pois se em certos momentos a tranquilidade de estar sozinho se mostra vantajosa, em outros a decepção por não se estar na companhia de outra pessoa prevalece. Quem de nós também não tem esses momentos de certa frustração e vontade de estar na companhia de alguém, num momento de solidão (atire a primeira pedra quem nunca cedeu a um pensamento como esse)? Ah, solidão...

Temos, portanto, dois lados da solidão: um lado bom, onde podemos fugir da bagunça mundana e dos excessos das atuações em grupo ou conjunto para nos encontrarmos conosco próprios; e outro lado ruim, perigoso, onde topamos com a sensação de isolamento e tristeza de não ter com quem compartilhar um pouco ou muito de nós mesmos. Ou seja, a solidão é como vitamina C: quando na dose certa, traz benefícios, mas em excesso é maligna.

O negócio, portanto, é não dar asas excessivas à solidão. Como? Trocando uma letra, a letra "t" pela letra "d". Sai o solitário, e entra o solidário. A melhor maneira de não ceder aos maus pensamentos da má solidão é cultivar a solidariedade. Uma pessoa solidária é aquela que aproveita ao máximo o trato e a companhia com aqueles que lhe são próximos, dando-lhe a atenção, o carinho e a força devidas. O homem ou mulher solidário perdem as noções de fronteira: onde estiverem eles ou os seus amigos, parentes, lá estão eles, armados de doses cavalares de carinho, calor humano, sem se preocuparem com tempo e espaço.

A consequência eficaz dessa postura do homem e mulher solidários é o sufocamento de qualquer sensação de tristeza, que nasce quando damos atenção demais a nós próprios, fazendo explodir o amor-próprio. A solidão ruim é constituída em boa parte por esse amor-próprio overdosado, que nos faz decepcionarmo-nos conosco próprios. E somente é possível sufocar a tristeza do amor-próprio superdosado com seus exatos antônimos: o amor pelos que nos rodeiam. Basta perceber: a tristeza da má solidão que por vezes sentimos vem de mãos dadas com os pensamentos e sensações em torno de nós e só nós, o que constitui o principal veneno que a má solidão pode inocular em cada um de nós.

Portanto, se eu ou você nos sentirmos solitários, calma. Não caiamos nessa! Botemos pra correr essa má solidão voltando o pensamento para as pessoas que nos querem bem, ou mesmo para as pesssoas que vamos encontrar no dia de hoje. E quando essas pessoas não estiverem presentes fisicamente, encontre-as numa prece, música, filme, livro ou a assistir a tevê: isso vai tornar o próximo encontro com elas muito mais prazeirozo que o último! Ah, e onde fica a má solidão na história acima? Ela já tomou um pé-na-bunda junto com o amor-próprio exagerado, expulsos e sufocados pelos valorosos pensamentos e ações voltados primeiro aos outros, e depois a nós. 

Nunca estamos sozinhos! Lembremo-nos sempre de que há alguém, num canto desse mundão de Deus, lembrando de cada um de nós, sendo solidários conosco. Sejamos solidários para com eles, também. E quando o coração apertar em outros aspectos (vocês sabem quais), deixa que os sábios companheiros tempo-espaço farão suas partes. Fazendo nossa parte no Amor com maíuscula, quando menos esperarmos...

São Paulo, 08/09/2010. W.E.M.

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