Geralmente associamos esse advérbio a fatos positivos, marcantes, ou aos nossos melhores dias e estados de espírito: "Deus é mais", "Quero mais", "Posso fazer mais", "Amanhã tem mais". Enfim, quando queremos dar ênfase a algo ou alguém, usamos o "mais".
Lembro que, em uma das escolas que estudei (Pedreira, onde no último dia 24/07 fizeram dez anos de meu ingresso), grandes amigos por lá sempre me comentavam: "sim, você pode mais". E com certeza não é só eu que tem boas histórias com o advérbio: quem também nunca fez ou recebeu um incentivo, uma palavra amiga ou um elogio utilizando um "mais"? Essas quatro letrinhas são capazes de fazer acender em nossa alma os ânimos mais escondidos.
Nesses dias em que se caça o sentido da vida e o que seria essa tal felicidade, talvez um dos segredos da vitória seja: acordar todos os dias com o desejo de poder mais, isto é, nunca contentar-se com o dia que passou. Começar um novo dia, com novas histórias, nova luta, novo ânimo, sem deitar-se sobre os louros do passado: se hoje foi um dia de conquistas, por que não conquistar mais? Não posso parar por aqui. Um atleta de anos de carreira que se contente somente com uma medalha de bronze não é atleta, mas sim uma fraude de atleta. Não há clube desportivo, empresa ou cientista conhecido e bem-sucedido que se deem por satisfeitos com os resultados positivos ou negativos de um determinado período: sempre é possível já ir pensando no próximo passo. E não falo aqui de dinheiro (claro, se temos possibilidade de aumentar de maneira lícita nosso patrimônio ou plano de carreira, por que não? Temos esse direito, talvez dever - mas aí é tema para uma próxima crônica...), mas sim de caráter: ele pode ser "mais".
Não podemos confundir querer e poder mais (generosidade, magnanimidade) com falsa humildade, pusilanimidade, omissão. Quem possui esse potencial de conseguir ser mais para si e para os outros não pode pegar esse potencial e enterrar na primeira vala que encontrar, por puro e simples medo de ser feliz ou conformismo. Certa vez, um mecânico tarimbado da Ferrari foi questionado sobre o porquê dos carros da famosa montadora não serem adequados a cidades como São Paulo, de trânsito pesado. E ele respondeu: "é devido ao fato de que os carros da Ferrari não foram feitos para andar a menos de 100 km/h. O desempenho de um Ferrari só será 100% quando ele é exigido nas condições para as quais ele foi projetado, isto é, auto-pistas com bom asfalto, sem obstáculos, e tudo o mais". Ou seja: uma Ferrari comportando-se como um fusquinha só trará dores de cabeça, péssimo desempenho. E é assim com cada um de nós: se podermos nos comportar em qualquer âmbito de nossa vida (pessoal, profissional, acadêmico, amoroso) com a potência de um Ferrari, por que nos contentarmos em ser somente "fusquinhas" nos âmbitos acima? Se amamos e queremos muito, podemos amar e querer mais; se rendemos bem nosso trabalho e estudo, podemos tirar um rendimento melhor. Fazer mais e mais amigos, dar mais atenção, palavras amigas... mais, mais, mais.
Não caiamos na tentação da depressão, da tristeza, do egoísmo, tão ligados aos que são adeptos da política do conformismo ou do mínimo esforço: vamos manter a nossa chama acesa. Isso através do esforço diário por poder mais, amar mais, vivido mais, estado sempre um pouquinho mais "linkado" com o Criador. Pois é certo de que Ele, ciente de quem nós somos, aposta: esse Meu filho/filha pode ser e doar-se mais, muito mais. Pois o homem não é ser de capoeira, como as galinhas, mas sim ser que pode alcançar voos altíssimos, como as águias.
São Paulo, 03/08/2010. W.E.M.
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