Poderia agora mesmo também escrever uma crônica me queixando do final das férias, mas ao invés disso irei falar sobre o queixar-se, um hábito que "onze entre dez pessoas" possuem. Uma "queixa" sobre a queixa, hehe!
Antes de falar sobre o queixar-se, é bom colocar de maneira clara que somos de carne e osso, isto é, todos nós possuimos o gene do queixar-se, e muitas, inúmeras vezes talvez já o tenhamos praticado. Não temos, como diz a expressão popular, "sangue de barata": temos nossos problemas, não ficamos com cara angelical diante de fatos ou adversidades que nos atinjam, e isso é muito normal. Aliás, mais que normal: em alguns casos queixar-se é fundamental (uma pequena queixa quando alguém pisa na bola contigo é a coisa mais normal do mundo). O que configura-se como anormal é o excesso de queixas, o queixar-se sobre tudo e para todos. E essas "peças" hoje não são mais nem um pouco raras.
A rapidez de informações, a pressão por resultados e desempenhos, o frenesi ou mesmo a ausência de todas as características acima podem dar origem a indivíduos queixumentos, ou mais popularmente conhecidos por ranzinzas. Em uma das novelas atuais, vi uma personagem que tem por característica reclamar de tudo e todos, a ponto de pisotear quem vier pela frente; mas, apesar de ser uma personagem de novela, o comportamento visto na mesma não é incomum entre nossos semelhantes. Já ouvi amigos comentarem daquela pessoa que, de tão estressada, mandou-lhe "tomar naquele lugar", ou então, no trânsito (ah, trânsito paulistano...), certa vez vi uma briga feia de um motorista que, parado sobre a faixa de pedestres, ainda quis se queixar com os pedestres que passavam pelo caminho.... enfim, casos variados de azedume extremo. Exatamente quando a queixa ultrapassa seus limites.
O ser humano, ao invés de centralizar-se nas queixas a pessoas, lugares de trabalho, escola, sistema político e tudo mais, deveria ter por postura centralizar-se em soluções. Sim, soluções. Rolar-se nas queixas, apoiar-se nelas de maneira excessiva de maneira a tapar qualquer tipo de solução só é capaz de trazer... mais queixas! Além disso, muitas vezes queixar-se pode ser um "belíssimo" instrumento de não comprometer-se, de tirar o corpo fora na hora de tomar-se certas decisões ou posturas. Pensemos bem: não é mais fácil queixar-se do governo do que buscar fazer sua parte por uma mudança positiva do status quo de nosso país? Ou então queixar-se do professor, quando não ganhamos a devida avaliação? Enfim, o queixume em excesso nada mais é do que uma auto-defesa do ego do ser humano.
Portanto, ao invés de nos queixarmos da escassez de meios para vencermos as batalhas diárias, que tal optarmos por usar os que temos atualmente? Sem, é claro, deixarmos de nos queixar com quem for de direito, quando visamos melhoras em nossa vida e na dos demais. O importante disso tudo: não nos reduzirmos somente às queixas como instrumento de defesa, mas sim sairmos do universo delas e passar para o universo das soluções. Menos queixa e mais paciência, somada com a devida ação.
De ranzinzas o planeta está "até a cabeça" de cheio: é a hora e a vez das pessoas firmes e ao mesmo tempo pacientes, que não deixam a paz sucumbir à azáfama diária. Em qual desses times estamos? A resposta é com você.
São Paulo, 28/07/2010. W.E.M.
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