Já passou o Dia dos Pais... mas não é porque a crônica atrasou que irei perder o gancho do Dia dos Pais para escrever.
Sobre meu pai, o que poderia escrever? É tanta coisa: batalhador, alegre, guerreiro, o meu super-herói favorito, como costumo colocar. Uma vida é pouco para retribuir o que ele fez por mim, por ele ter formado meu caráter e características sob vários aspectos. Falarei sobre como cada um de nós tem a necessidade, o dever de valorizar essas pessoas que tanto sustentam nossas vitórias. Enfim, a virtude do valorizar.
Valorizar a importância de uma pessoa é fundamental para as relações sociais. Ninguém gosta de estar perto de uma pessoa que traz mau agouro, que não tenha boas energias. Lembro de certa vez em que, no prédio da Geografia da USP onde estudo, haviam dois professores que não se bicavam, a ponto de quando um via o outro numa ponta do prédio, desviava só pra não se cruzarem. Óbvio que, em nossa vida, 90% das pessoas com que nos relacionamos gostaríamos de ter um novo contato ou conversa. Por que? Pelo fato de as valorizarmos mais que qualquer tesouro material.
O ato de valorizar significa atribuir valor, elogiar, "encher a bola". Que taque a primeira pedra quem não gosta de se sentir valorizado ou receber um carinho, palavras amigas ou um pequeno elogio que nos sirva de estímulo para continuar a desempenhar um bom trabalho. Da mesma forma que gostamos de receber bons adjetivos, as pessoas à nossa volta também precisam ter seu ego alimentado de maneira positiva. Vejamos: sequer Cristo se recusou a receber a alcunha de mestre dos fariseus. Para conseguirmos tirar o máximo do desempenho do ser humano, palavras de atenção e valorização também fazem parte do processo. O cavalo não rende seu melhor na base da chibata constante, mas sim com torrões de açúcar, uma boa sela e jeito do domador. Certa vez, numa anedota, o dono de um burrinho resolveu ir só na base da esporada e do chicote pra tentar fazê-lo andar. Tudo à toa... o burrinho empacou e de nada adiantou a desvalorização e as pancadas no lombo do bicho, pois ele não moveu um passo.
E quem valoriza as pessoas mais próximas e queridas também, em parte, acerta sua dívida para com as mesmas. para com nossos pais, por exemplo, se fosse possível contabilizar tudo o que eles nos fizeram de nada adiantaria, pois a nossa dívida se mostraria impagável. Assim, a forma que nos resta de acertar as contas com nossos pais é antes de tudo dando-lhes o nosso devido valor e respeito por tudo que nos fizeram. E tem mais: boa parte dos préstimos realizados por esses pais guerreiros passarão batido, isto é, serão feitos em silêncio, sem querer chamar a atenção ou puxar propositadamente um elogio. Os elogios por sua conduta com os outros aparecem com naturalidade, sem cobranças por inflar o próprio ego. Pelo contrário, a pessoa que sabe com coerência se valorizar cala-se para consigo mesma e se satisfaz com o respeito que recebe.
Dar o devido valor às pessoas e coisas queridas faz parte de uma grandiosa virtude teologal chamada caridade. Amar os outros como a si mesmo começa por valorizar esse outro, em seu caráter e ações, e mesmo que tenha erros, esses ficando em segundo plano em relação às virtudes. O respeito e valorização das pessoas não é algo ultrapassado, mas sim um possível ponto de partida para que os sentimentos de paz e fraternidade que tantos e tantas clamam individualmente ou em grupos se torne realidade.
Para termos uma sociedade harmoniosa ao nosso redor, é preciso saber se tratamos o próximo tal qual nos gostaríamos de ser tratados. Se hoje o mundo de hoje possui sérias divergências conflituosas, étnicas, religiosas etc é pelo fato de o termômetro da valorização aos outros estar quebrado. Vamos valorizar mais nossos "tesouros" (pai, mãe, irmãos, amigos, amores, trabalho...) à nossa volta? Tenhamos certeza de que será uma fantástica contribuição para a construção de um mundo mais pacífico... altruísta.
São Paulo, 14/08/2010. W.E.M.
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