quarta-feira, 21 de julho de 2010

Crônica - Ano III - Nº 137 - "Amigo 'de facto'"

Abri o Orkut nesse dia 20 de Julho e vejo nas atualizações uma série de manifestações e desejos de "Feliz Dia do Amigo". Taí uma data que, em alguns anos, terá tudo para aquecer o comércio, com a troca de presentes entre amigos, heheh!

Vi no Orkut uma frase bastante feliz sobre a data: "se você é meu amigo, não precisa de dia pra saber disso, e se sou seu amigo, sabe que também não preciso". Afinal, os amigos "de facto" não precisariam na prática de dias o celebrando: todo dia é dia deles, e a relação entre os mesmos transcende qualquer data. Delineemos, agora, quem seriam esses "amigos de facto".

Pense em pessoas que, primeiramente, te olhem nos olhos e guardem seu nome. Não há nada mais desagradável que conversar com uma pessoa sem saber seu nome ou que te evita olhar diretamente nos olhos, transparecendo indiferença. Pelo contrário: o amigo "de facto" sabe seu nome, sobrenome, seu aniversário e bairro de moradia, e te olha nos olhos, com uma atenção a ponto de esquecer o que se passa no restante do universo. Lembro-me do exemplo de São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei (instituição da Igreja que tenho orgulho de participar há quase dez anos), mencionado em vários livros, sobre a atenção que ele dava às pessoas que desejavam falar-lhe. Mesmo atulhado de trabalhos, interrompia-o com a maior satisfação para falar com quem lhe solicitasse, olhando a pessoa nos olhos, com toda a atenção e afeto, "esquecendo-se" literalmente do que estava fazendo. Isso até quando a pessoa encerrava o assunto e ia-se embora de sua sala, quando ele retornava imediatamente ao trabalho.

Acima, vimos no exemplo de São Josemaria outra característica do "amigo de facto": atenção. Os legítimos amigos sabem te dar toda a atenção do mundo, esquecendo-se muitas vezes dos próprios apertos em prol de lhe ajudar, falar ou simplesmente ouvir, dar atenção. Outra anedota: a conversa de duas amigas, quando uma foi procurar desesperadamente a outra. Logo que a encontrou, soltou seu repertório: confusões em seu trabalho, na vida amorosa, no trânsito, na família... Chorou, desabafou, tomou decisões e... não deixou a outra falar: sim, somente uma amiga falou, e a outra ficou sem conseguir falar, já que era abrir a boca pra falar e zás... cortada! Na hora de terminar o "monólogo", a amiga falante soltou para a amiga silenciosa: "Muito obrigada pela ajuda, você é minha melhor amiga!". E finalmente a amiga silenciosa falou: "Por que? Simplesmente fiquei quieta, te ouvindo, mal lhe falei...". E amiga falante: "Justamente por isso você é minha melhor amiga: me ouviu, sabe ouvir, e isso é fascinante!". E se deram um abraço.

Que mais podemos dizer dos "amigos de facto"? São leais, honestos, sabem aplaudir e corrigir. Principalmente corrigir! Falso é o amigo que só sabe dar tapinhas nas costas: amigo que é amigo, ao invés de compactuar com o defeito alheio, sabe abrir o jogo e colocar às claras quando o amigo está pisando na bola. Certa pessoa comentou de quando foi ajudada por um amigo a descobrir que tinha o desagradável defeito de andar arrastando os pés. Essa pessoa não percebia seu defeito, e foi lá o amigo e o ajudou: "cara, gostaria de lhe comentar que você arrasta mais os pés que o normal". Se não fosse o amigo, talvez essa pessoa até hoje não se apercebesse desse pequeno defeito, hoje corrigido.

Amigos não possuem segredos, falam de tudo, e independem de distâncias, ajudando já tentando ajudar: pode um estar lá na Nova Zelândia e outro na Islândia, que a amizade se sustenta. Como? Com a atenção, o lembrete no dia do aniversário, uma carta de Natal, ou um simples torpedo dizendo bom dia, entre tantos outros truques.

Aproveitemos o gancho do "Dia do Amigo" para sermos mais "amigos de facto" de nossos amigos. Manter a chama da amizade acesa com todos, aumentando sempre a chama dessas amizades, incendiando com a chama do carinho (uma chama infindável) esses que nos são tão queridos e valiosos: os amigos!

São Paulo, 21/07/2010. W.E.M.

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