Esta crônica coincide justamente com a passagem do Brasil para as Quartas-de-final da Copa, contra um dos países mais liberais (senão o mais liberal) do mundo, a Holanda. Um país de alto padrão de desenvolvimento, que se orgulha por ter uma liberalização de uma série de questões polêmicas da atualidade: eutanásia, prostituição, drogas, aborto.
Entretanto, não escrevo estas linhas para "descer a lenha" na Holanda, mas sim para trazer à tona a seguinte discussão: o mundo está cada vez mais na política do "tanto faz", do relativismo. Cada um na sua, acertando ou errando a pessoa que se acerte consigo mesma, cada um é problema de cada um. Em conversa com um amigo semana passada, esse comentou que "já não se pode escandalizar com mais nada nesse mundo, pois caiu tudo na banalização".
Muitos talvez olhem a política do relativismo como uma "boa-vizinhança", uma maneira de não ferir os nossos amigos ou a sociedade, ou então de ser "politicamente correto". Está na moda andar de mãos dadas com gregos e troianos, ficar em cima do muro. Emitir uma opinião acerca de um assunto é uma tarefa árdua, pois pode ser considerada, dependendo com quem conversamos, uma ofensa. Está lançada a caça à critica: todos certos, e tudo bem. Tudo bem?
O relativismo é perigosíssimo, principalmente da maneira que está: disseminado. Uma coisa é respeitar, posicionar-se com respeito diante de questões das quais não concordamos, outra é bater palmas para essas questões. Certa pessoa comentou comigo sobre uma pessoa querida que só tinha por ambição relacionar-se com pessoas comprometidas, casadas ou namorando, sem se importar com a terceira parte da história, isto é, a pessoa traída. Outras fazem manifestação pró-drogas, aborto, feminismo, pela simples exigência do direito de decidir: eu me responsabilizo por mim mesmo, e pronto. Porém, ao notarmos um amigo nosso caminhando a passos firmes em direção ao precipício, o que dizemos: "cara, sai daí, que esse caminho é furada!" ou "vai fundo, pula que eu tô contigo, vc tem liberdade para isso!"?
Uma verdadeira revolução, as principais conquistas da humanidade não surgiram de cabeças "em cima do muro". Pessoas respeitáveis, cientistas, pensadores, não foram marcadas na História por aplaudir toda e qualquer posição. Muito pelo contrário: souberam ser críticos, colocar o porquê (ou porquês) de não concordarem com aquela posição ou conduta, e não caíram no relativismo. Mesmo Deus comenta que prefere a pessoa fria ou quente, isto é, uma pessoa fiel aos Seus pensamentos ou uma pessoa que de fato O contradiga de coração aberto, por pura ignorância, do que as pessoas que ficam fazendo média com o certo e o errado. Desses, Ele diz: os vomitarei.
Pensemos por outros aspectos: já pensou se o médico, por querer respeitar o paciente, não diagnosticasse uma séria avaria na saúde do mesmo? Ou então, com nossos amigos: ao vermos uma determinada conduta inadequada, não o ajudaríamos mostrando ao mesmo, por meio de uma conversa a sós, o erro que talvez ele sequer saiba que está cometendo? Pois bem: tanto faz? Tanto faz o escambau! O mundo precisa de pessoas de opinião própria, que saibam criticar e aplaudir quando se mostra necessário, que tenham uma conduta e postura firmes sobre o que é certo ou o que é errado (mesmo que esse certo ou errado por vezes estejam invertidos). O que não dá pra tolerar é fazer a política do "tanto faz", do relativismo. É como sabermos de um câncer de um amigo, e não revelarmos a doença e ajudarmos o mesmo, preferindo ficar calados, num silêncio compactuante com a doença, que vai se alastrando, até ser tarde demais.
Hora de ser menos Holanda e mais Brasil tanto na Copa quanto na vida, isto é, ter mais opinião própria e discernimento do certo e errado, ao invés de ficar numa política do "tudo bem". Esse "tudo bem" relativista poderá, num futuro próximo, trazer consequências arrasadoras à Humanidade... Como já vez trazendo, eliminando a distinção entre o certo e o errado.
São Paulo, 28/06/2010. W.E.M.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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