Um dos grandes pontos de se fazer um retiro é o fato de se ter a oportunidade de parar e pensar. E, por mais que pareça tarefa simples, num mundo cada vez mais dinâmico você parar e refletir isso é uma tarefa na verdade hercúlea. Na última semana, fui com alguns amigos a uma rede de fast-food conhecidíssima. E lá pude ver os atendentes correndo, pulando uns em cima dos outros, sem tempo para respirar, num atendimento quase mecânico, tal qual no saudoso filme "Tempos Modernos".
Da mesma forma, nessa cidade tão agitada em que vivemos, vemos e sentimos trânsito, corre-corre, cansaço, agito... a 440 volts! Sem parar, sem pausa! Você pode agora mesmo imaginar seu dia-a-dia. Não é correria, preocupações?
A vida agitada, cheia de compromissos (principalmente aqui em Sampa, cidade que não dorme), é muito boa, pois nos permite ter um leque de opções e ações, não nos deixa parados. Porém há o outro lado da moeda: muitas vezes, nessa adrenalina, podemos acabar por esquecermo-nos de nós mesmos, de revisar nossas atitudes, comportamento, planos. Ou ainda: de maquinalmente não percebermos nossas falhas e defeitos, que são tantos. Muitas vezes, nessa hipnose do dia-a-dia de tantas preocupações, não conseguimos ver a palha que está no nosso olho. O que é péssimo, pois se assemelha a uma doença oculta, que se revela somente daqui a décadas, mas quando vem... vem para matar.
Talvez nesse exato instante tenhamos defeitos, condutas e planos que carecem de uma revisão, de melhoras e reparos. E o que é pior: que alguns deles nos passam oculto, que não sabemos e assim agimos normalmente, como se estivéssemos acertando. Quem já não viu aquelas novelas ou contos em livros em que a pessoa, só depois de muitos e muitos anos, levam um choque e mudam de vida? Santa Teresa comentava que levou trinta e seis anos para conseguir melhorar sua conduta, outro esportista só depois de um baque e após muitos erros é que sacou que precisava mudar de conduta e se tratar. E é assim assim conosco: muitos de nossos defeitos e pontos a revisar estejam talvez ocultos ou passando batido, esperando uma reviravolta ou que acordemos. Que paremos e pensemos.
Assim, nessa nossa vida dinâmica, podemos nos indagar: eu tenho tempo para parar e pensar em mim mesmo, nas minhas atitudes e conduta? Se já vou bem, não dá pra ser melhor? Com certeza dá, temos pontos a crescer e mudar, ou pelo menos iniciar a mudança: o importante é continuar lutando, renovar o desejo de melhorar dia a dia, até que de repente, sem percebermos e com a paz de quem sempre esteve na peleja, conseguimos extirpar tal defeito ou alcançar tal virtude.
Vale agora aquela passagem que Cristo comenta com os discípulos: "Vamos para um lugar mais tranquilo". Que tal acharmos esse momento de reflexão e esse cantinho tranquilo no meio da algazarra para apertarmos os parafusos de nossas vidas e ficar cara a cara com nós mesmos, e com Ele, inclusive? Eu achei o meu, e tô indo! Bora?
São Paulo, 23/05/2010. W.E.M.
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