No ambiente de trabalho, na escola, nas rodinhas de conversa, é comum surgirem críticas a fulanos de tal. "Ah, mas fulano é muito isso", ou então: "Aquele cara é um tremendo de um aquilo". Nós mesmos não estamos imunes: é comum a expressão popular "minha orelha está coçando', quando se quer referir a uma pessoa que falou mal da outra sem a presença. Ou ainda, pensando de uma maneira menos "murmurativa": é comum surgir a pergunta para nós, nessas rodas de discussão: "E você, o que você acha disso?".
A sociedade atual, em comparação com outras mais antigas, nos chama com mais força para opinar e julgar. Dão caldo para boa discussão editoriais, reportagens, fóruns de discussão e mesmo nossa posição ali dentro do ônibus. Somos chamados para dar nossos pitacos desde na política, até no capítulo da novela.
E é aí onde mora a questão: como opinar? Como julgar bem, da maneira mais precisa? Aliás, julgar é bom?
Podemos nos lembrar daquela famosa colocação de Cristo: "Não julgueis e não sereis julgados". Mas Cristo, quando coloca essa expressão, não faz uma crítica a colocar uma opinião, mas sim à murmuração. Murmurar é julgar sem ser chamado, às escondidas, sem provas ou fatos ou de maneira inoportuna. É falar mal da conduta de um amigo sem ver o fato, e ainda sem ser convidado a opinar.
O ideal seria que nos manifestássemos não ao nosso bel-prazer, dando pitaco em tudo que nos aparece pela frente, e sim quando a situação de fato requeira nosssa opinião e se isso será feito de maneira oportuna. Além disso, apurando com os verdadeiros fatos, sem julgar com base em boatarias e achismos. Seria como se chamássemos aquele nosso amigo de adúltero para outras pessoas (o que já seria inoportuno e ridículo) sem ter provas cabais do que aconteceu. Julgar combina com ser chamado a dar uma opinião em ocasião oportuna, assim como fazem os juízes de direito, de fato.
Nessa atual "sociedade da boataria", onde uma só palavra pode causar um rebuliço ou acabar com a reputação da pessoa mais íntegra, é fundamental termos em mente esse "como e quando julgar, opinar". Vi nos últimos tempos pessoas tacando pedras na Igreja devido a problemas com uma pequeníssima minoria (pequeníssima - grifo nosso) de sacerdotes que se envolveram com a triste questão da pedofilia, e não poderia ficar calado, pois por justamente uma maneira errônea de julgar passou a julgar-se o todo pelo parte. O que esses sacerdotes fizeram foi algo abominável, e com certeza haverá a devida punição aos mesmos, inclusive pelos braços da Igreja. Agora, é duro perceber como pessoas que tem como trabalho emitir opinião que vai influenciar muitos outros indivíduos soltem acusações sem avaliar com coerência os fatos, ou com o simples intuito de difamar uma instituição para pura proclamação do ateísmo ou por simples não-gostar. É um belo exemplo de como julgar mal, tal qual como se julgássemos toda nossa família por um indivíduo que não se comportou bem - e que também não pode ser destruído e esmagado, pois é um ser humano: pelo visto, os que estão descendo a lenha na Igreja não querem saber se os padres que caíram são ou não seres humanos, pois não perdoam, fazem ouvidos moucos a pedidos de perdão feitos pela Igreja... talvez riam da definição de perdão.
Assim, se não quisermos seguir essa mesquinha maneira de julgar e opinar sobre os fatos, coloquemos os pés no chão. Vejamos os fatos e, no momento oportuno, coloquemos nossa opinião. O importante é não sair por aí caindo em achismos de senso comum, que foram criados justamente para nos pegar, tal qual várias outras pessoas foram pegas.
Afinal, como diz o famoso chavão, "falar é fácil". Dar palpite antes de saber dos fatos, mais fácil ainda...
São Paulo, 14/04/2010. W.E.M.
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