terça-feira, 16 de março de 2010

Crônica - Ano III - Nº 120 - "Na simplicidade da vida"

Nesta próxima sexta, 19 de Março, é dia de São José. Vários amigos que conheço e pais de amigos estarão celebrando nesta sexta o seu onomástico (dia do santo). E nada melhor do que aproveitar a deixa desse meu santo padroeiro (sim, considero São José meu "braço-direito") para escrever uma crônica aplaudindo a simplicidade de vida, na qual São José é PhD!

Simplicidade é uma virtude que possui várias variantes: transparência, desprendimento, sinceridade, paz. No caso, quando falamos "simplicidade de vida", rapidamente nos lembramos daquelas pessoas que não precisam de "fru-frus" para viverem suas vidas: sabem os limites exatos entre o insuficiente e o excessivo.

Ao vermos como viveu José, podemos encontrar um exemplo fantástico desse equilíbrio. Sim, pobreza, mas não a pobreza miserável. A Sagrada Família, apesar da carestia de pompas e luxos, soube "se virar" para ter o essencial. José foi um homem como muitos homens de nossas épocas: acordava quando o galo cantava, tinha seu ganha-pão (era carpinteiro), estava com seus amigos e famílias em cada momento devido, sem faltar o senso de humor. Fico muito sensibilizado ao passar pelas ruas de São Paulo na hora do rush, quando os bravos trabalhadores encaram sua ida ou volta pra casa: não faltam piadas, leituras, ouvir uma música (ainda que em volume alto) ou mesmo desabafar. São José com certeza tinha essa mesma estirpe dos nossos trabalhadores: não iria se negar a tomar um Terminal Jardim Ângela lotado e espremido com a galera.

Em minha atual experiência em sala de aula (motivo pelo qual apareço com menor frequência no orkut e afins - perdão, amigos!), pude perceber muitas pessoas que puxaram essa simplicidade de José. Desde alguns professores, que não perdem o sorriso ao entrarem em salas conturbadas ou então se predispõem a todo momento para atenderem os alunos; passando pelos outros funcionários da escola, que são "pau pra toda obra" e não têm medo de encarar os "leõezinhos" nos intervalos; até chegar nos alunos, onde do mais quieto ao mais bagunceiro vemos uma história de vida sofrida na grande maioria dos casos... mas lá está a garotada, com seus gostos (duvidosos, em vários casos) e brincadeiras, falando aquele "oi, professor" ou "falô, fessô", com a maior naturalidade.

Assim, a semana e os próximos dias nos convidam a pensarmos sobre essa simplicidade. Deixar a frescura de lado e saber virar-se com o que tem e onde está, sem bancar a pessoa mimada, caprichosa. Ou ainda: sem querer fazer poses, isto é, ser uma pessoa que não fica maquiando os erros pra achar que está tudo bem. Ao contrário: ter ciência deles e lutar por consertá-los pouco a pouco. Hoje muitos homens e mulheres preferem uma "vida teatral", onde se esquecem de lidar com a vida real ou com quem se é de fato. E isso faz falta, ao lidar com as batalhas do cotidiano: é fundamental atuar com o que se tem e onde se está. Ficar sonhando ou criando uma "situação ideal" só vai levar ao conto da passista: deslumbrante em sua fantasia, imaginava que era uma princesa e que poderia tudo... até que chegou o fim do Carnaval e a batalha do dia-a-dia a destronou, tacando-lhe desânimo e falta de coragem pra encarar as batalhas.

O negócio então é sermos pessoas onde "não há tempo ruim". A vida sorri muito mais para aqueles que sabem dançar com ela, mesmo que ela seja uma péssima dançarina, ou sejamos maus dançarinos. Bailemos, então, com esse nosso dia-a-dia, tal como São José o fez, sem perder o rebolado. Que tal experimentar dizer aquele "bom dia" ou "boa tarde" ao motorista ou ao cobrador, ou ainda contar uma piada bacana ao colega de trabalho, ou dar um beijo ou abraço com algo a mais nas pessoas queridas, entre outras sugestões? Taí a receita de achar o novo no velho, a novidade na rotina.

Tenhamos, então, dias melhores e com mais energia, sendo pessoas sem lero-leros e nhem-nhem-nhéns. E assim, venha o que vier, bom ou ruim, transformaremos em coisa boa, tal como José fazia em sua carpintaria.

Ah, e parabéns a todos os bravos "Josés" de nosso Brasil e mundo!

São Paulo, 16/03/2010. W.E.M.

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