terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Crônica - Ano III - Nº 116 - "Quem tem medo de aniversário?"

E vem terminando o ano do jubileu de prata! Hora de planejar os próximos 25 anos, e caminhar rumo ao jubileu de ouro. 26 anos, numa segunda-feira de Carnaval (depois de onze anos aniversario numa segunda-feira - bom que ela é de carnaval, hehe!).

O aniversário traz diferentes emoções ao ser humano: alegria seria a principal resposta, mas o que tem de gente que odeia, despreza ou fica triste no próprio aniversário...

Há algumas semanas, ao comentar da proximidade do aniversário de uma amiga, essa comentou da repulsa que sente para com o próprio aniversário. Detesta comemorações e presentes, insistiu em afirmar que era só mais um dia comum. Ela não foi a primeira: outros amigos meus fazem questão de esconder a data do aniversário, para simplesmente "passar batido". Outras pessoas escondem não o aniversário, mas a idade. Ano passado, ao cumprimentar uma pessoa por seu aniversário, essa quase me pede os pêsames ao invés dos parabéns. A desculpa? É a idade, necessidade de comprar cosméticos pra disfarçar, ter que pintar o cabelo e coisa e tal... Medo de envelhecer, medo aliás da própria palavra "envelhecer".

E ainda a capa de certa revista científica já conhecida por seu exagerado - e desconfiável - sensacionalismo fala dos planos para o surgimento do "homem imortal". Isso mesmo: um ser humano imperecível a doenças e à idade. Quase não pude controlar o riso ao ver a revista, na banca. Riso para não chorar.

A data em que se coloca mais um ano de vida em nossa conta não pode ser sufocada pelo amor-próprio. Muitos dos que criam caso com a data de aniversário ou com a idade na verdade estão sendo muito mais orgulhosos que muitas pessoas que curtem o dia de aniversário ou o recebem bem. A verdadeira humildade do aniversário está em "deixar-se querer". Se você foi lá e prestigiou seu amigo no aniversário dele, se deixou um scrap carinhoso, deu um pequeno presente para mostrar seu carinho, chegou sua vez. Hora de você deixar seus amigos mostrarem para contigo o mesmo carinho que você teve para com o aniversário dele. Mostrar antipatia para com o próprio aniversário ou para com o fato de ser lembrado é atentar contra essa caridade que tanto dá sentido a que o dia do aniversário seja diferenciado dos outros 364 dias do ano. Esse tipo de atitude (não deixar-se querer) revela um orgulho escondido, mais dramático do que novela mexicana. Em certo filme (não lembro o nome), havia a história de uma moça que se escondeu em sua casa no dia do aniversário. Não arredou pé, não atendeu campainha nem telefone. Já de noite, na hora de deitar, teve um acesso de choro: "ninguém se lembrou de mim!". Ridículo orgulho, não?

O aniversário, portanto, é um dia onde a caridade recebe um "up" de nossa parte, mas principalmente dos outros, nossos amigos. Esse dia nos mostra com maior força que os outros que não estamos sozinhos, que tem gente que curte a gente aos montes e que não nos esquece. Recebemos um "up" de bom humor, de simpatia, de beijos e abraços. Nossas forças redobram, o trabalho fica mais agradável, assim como o dia: até um ônibus atrasado ou uma chuva de final de tarde vira motivo de riso. É um tipo de força da qual o homem não pode nem deve abrir mão, e que dá uma quebrada fundamental no ritmo louco de nossas vidas. Queiram ou não, o homem necessita robustecer o estado de espírito para restabelecer sua força psíquica e mesmo física, e são dias como o dia de aniversário onde essa força vem em doses cavalares.

Aniversariantes (cada um tem seu "dies natalis"): deixem-te querer. Chutem o medo ou o desprezo pra lá, e saiam pro abraço, sem cair na ladainha de que quanto maior o número maiores os motivos para esconder a idade. Digam-na, sem pestanejar: 26, 33, 49, 80. A idade não é a representação de um estado de espírito: quem tem a alma jovem se diverte ao ver um novo número chegar, e diz para si: "que venham os próximos!".

Mas esse é um tema para ser tratado na crônica dos 27 anos, hehe!

São Paulo, 09 a 15/02/2010. W.E.M.

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