terça-feira, 3 de novembro de 2009

Crônica - Ano III - Nº 102 - "Posteridade"

Começa com esta crônica de nº 102 o terceiro ano de crônicas. Que venham as inspirações necessárias para continuar escrevendo, hehe... Pego, então, carona neste mês de Novembro. Reta final de tantas coisas, pensando já no ano de 2010. Pensando na posteridade. Mas o que seria essa tal posteridade?


Muitas pessoas fecharam discursos épicos com o chavão: "entro para a posteridade!". Outras, dizem que querem fazer coisas que fiquem para a posteridade, como projetos, família, amigos, momentos, etc. Posteridade seria algo "para o futuro, e para ser lembrado e guardado para muito tempo depois". Enfim, posteridade é um termo que remete o amanhã, os próximos dias.


Entretanto, há várias pessoas que não se preocupam com a posteridade. Não se incomodam com o dia de amanhã, com os projetos, com os sonhos. E não é por maldade, por querer viver o presente: antes fosse! Essas pessoas que não estão nem aí para a posteridade são aquelas que vivem de momentos efêmeros, se apegam a um gosto ou vício, querem "curtir o momento", como cansei de ouvir de muitas pessoas. Essas pessoas não possuem em sua linha de horizonte os que estão ao seu redor, seja familiares ou amigos: não traçam metas e planos, pois preferem o "deixa a vida me levar".


Optar por essa forma de ver e viver a vida pode, quem sabe, dar certo para algumas raras exceções. Porém é brincar com fogo: jogam-se na mesa, por troca de banais momentos, as belas opções que poderiam vir para o futuro que já citamos acima. Quem não se lembra daquela história do homem que, já entorpecido pelo álcool, arruinou sua família perdendo na mesa do jogo a casa e mesmo a mulher? Ou vários que, em busca de um momento de prazer, talvez tenham perdido a vida (e a de outras pessoas) acelerando até o limite numa estrada federal, ou ainda acabado com a própria saúde com uma dose caprichada de LSD? Exemplos não faltam dos que jogaram pela janela toda uma vida e projetos em troca de um momento na hora inesquecível para bem, mas que depois se tornaria inesquecível para mal.


Sei que muito do que foi escrito nas linhas acima já é de senso comum de muitas pessoas, inclusive das que não pensam na posteridade. Entretanto vale a pena insistir no tema, principalmente ao pensarmos que estamos num mês que nos convida a uma reflexão: o que deixarei para a posteridade? O que levarei comigo, quando chegar a hora que tantos ainda insistem em temer, a hora da morte? Quem herdará o meu legado?


Podemos levar conosco falsas amizades em troca de favores, os "baseados" e "cachaças" da vida, o egoísmo, o ódio por fulaninho de tal, uma vida desregrada e cheia de momentos que terminam na primeira dor de cabeça da ressaca ou no primeiro boletim diagnóstico do médico. São exatamente essas pessoas que ficam choramingando ou mudam de assunto quando pensam na morte, pois elas mesmas são as que mais sabem de que estarão deixando um vazio imenso para a posteridade, uma vida cheia de inutilidades, nada. E inclusive muitas delas, que durante a vida desprezaram a existência de Deus, passam inclusive a acreditar, do nada. Já que passou o "bem-bom", agora posso acreditar e temer.


Mas, calma... há outra opção. A opção a seguir traz consigo a amizade, os verdadeiros e sinceros valores, a paz de espírito de uma vida bem vivida e trabalhada, uma família maravilhosa... E de quebra, com momentos inesquecíveis, numa excursão, num romance, num curso feito, numa festa bacana. Momentos parecidos com os do caso acima, mas com uma diferença essencial: os momentos ali estarão construindo uma posteridade, e não sendo uma posteridade, sendo meio, e não fim. E nesses momentos se encaixarão todos e todos, e não somente o próprio umbigo, que vê nos outros somente ocasião de curtição ou caretice. Nem preciso dizer que essa opção tá de bem com Deus, que é o primeiro interessado em nossa felicidade na Terra, mas que está nos esperando com algo muito maior numa posteridade que não terá fim. É uma opção tão grandiosa que todos os que virão depois sentirão as consequências dela.


O negócio então, camaradas, é não ficar apegados a uma ocasião "bacana". É pensar na posteridade, no que deixar pra depois. Vamos deixar um lixo de vida, só de "farrapeiragens", ou vamos, a cada 2 de Novembro, lembrar a todos de uma existência que deixou rastro para uma multidão, um dia?


A opção é nossa. Somente nossa. Pensemos.


São Paulo, 03/11/2009. W.E.M.

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