terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crônica - Ano III - Nº 103 - "Em casa"

Geralmente, quando estamos em um ambiente no qual estamos habituados, falamos que "estamos em casa". Ou ainda, quando visitamos alguém querido, várias vezes ouvimos um "sinta-se em casa", para ficarmos à vontade.

Pois bem, nesta crônica procurarei correlacionar esta expressão com minha viagem a Ouro Preto e Tiradentes, cidades históricas mineiras, que fiz na última semana, por minha faculdade. E que viagem!

Todo o grupo que empreendeu o trabalho de campo percebeu, tanto em Ouro Preto como em Tiradentes, que havia um clima de fé no ar. Igrejas belíssimas do período Barroco, imagens sacras, paços para procissões, cruzes nas portas, entra outras manifestações. Eu tive a oportunidade de assistir uma Missa em Ouro Preto no Sábado à noite, e vi a gente da cidade chegando cedo para a Missa. Os mais jovens tiraram o boné, os mais velhos olhavam com uma piedade para o altar com uma invejável piedade. Mesmo os não-católicos que foram ao trabalho de campo ficaram encantados com as obras-primas presentes ali, e entraram numa atmosfera que se não era de fé, era de profundo respeito.

Certa vez, em um livro, li uma história que trago comigo até hoje: certo rapaz, por motivos de trabalho, foi para os EUA. Porém este rapaz possuía parcas noções de inglês, e se virava pela linguagem universal dos gestos. Chegando o Domingo, este pensou: "puxa, onde posso assistir Missa?". Ele, então, percorreu a cidade, e logo achou uma igreja. Antes de entrar, pensou novamente: "puxa, mas e a língua? A Missa deve estar em inglês, e agora?". Mas ele se lembrava dos ritos da Missa, e assim entrou. Apesar da língua, como ele conhecia os ritos, facilmente ele fez a "tradução simultânea", heheheh...

Amigos, já pararam pra pensar que onde estejamos por esse planeta, podemos estar "em casa"? A casa de Cristo, numa igrejinha mais próxima de você. Lá seremos muito bem recebidos, e Ele estará à disposição para conversar conosco, nos ouvir, consolar uma dificuldade, ou simplesmente um trocar de olhares (lembro de um amigo que simplesmente passava na igreja e dizia: "tô passando só pra dar um 'oi', Jesus!"). Em Ouro Pret e em Tiradentes eu me "senti em casa", em Brasília há dois meses atrás em também "estive em casa", aqui em Sampa estou "sempre em casa".

Mesmo nos lugares mais inóspitos, também podemos nos "sentir em casa". Certo amigo empreendeu uma viagem para uma cidade distante de Roraima, que não tinha igreja em pé. Um dos que o acompanharam, em certo momento, percebeu este meu amigo olhando para o horizonte, num rio. Veio a pergunta: "o que está fazendo?". E a resposta:"estou conversando um pouco com Ele.". Onde estivermos, lá está Cristo, pronto pra nos atender. Muitas vezes, numa casa suntuosa, cheia de ouro (pra Ele), como vi em Minas. Outras, numa casa mais pobre, com uma simples cruzinha. Mas Ele está lá.

Como é delicioso saber-se "em casa". Os problemas perdem peso, uma paz de espírito e alegria vem à tona, junto de uma sensação agradabilíssima de estar sempre acompanhado. Lembro-me de um amigo que sempre dizia, quando ia pra sua casa: "fica tranqüilo, que nunca vou sozinho". Quem tem essa fé pode enfrentar os lugares mais hostis e as distâncias mais complicadas, e possui um jogo-de-cintura fenomenal para as adversidades. Afinal, sabe que não quebrará a cabeça nem estará sozinho. Deve ser duro para alguém que não tenha essa sensação de "estar em casa" passar por uma adversidade, pois estará numa sensação de cair num vale, cair, cair... mas nunca chegar ao fundo, nem ter uma mão pra ajudar. Tem que se virar sozinho, e quando não o consegue, sente-se sem saída e sem qualquer esperança, desabrigado. Triste.

Onde nós estivermos, saibamos: tem uma casa ali próxima, muito próxima, com uma recepção digna de chefe de estado. E se não houver, faça como meu amigo que olhava para o horizonte: Deus tá ali, também. Estamos sempre "em casa", na casa dEle! Bora "trocar uma ideia" com o Anfitrião?

São Paulo, 10/11/2009. W.E.M.

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