A questão se mostra interessante quando percebemos o comportamento atual de grande parte da sociedade. Este meu amigo fez a pergunta ao lembrar-se de gente entregue às drogas, à mentira, à falta de compromisso, ao sexo desenfreado... enfim, à negação de valores que dão a devida dignidade ao ser humano. Será que muitos jovens já presos nesta teia de aranha de falsidades estão condenados a permanecer nela até o fim dos tempos, e assim formar um ciclo vicioso ao passar uma educação pautada no repúdio aos valores e ao relativismo nas questões essenciais da vida?
Essas pessoas presas a essa teia de mentiras e vazios possuem, em determinado momento da vida, um despertar. Chega uma hora em que as satisfações momentâneas, os vícios e o auto-engano ficam saturados. E a sensação de plenitude cedem espaço a um vazio de objetivos e uma sede de verdade.
Em um livro que li há pouco tempo, havia uma nota sobre um triste suicídio de uma garota com seus 16 anos completos. A garota, drogada, atirou-se do 9º andar de um edifício. Os pais, ao vasculharem os pertences da garota, encontraram uma carta de despedida onde ela enumerava os motivos para dar cabo de sua vida. O principal motivo contido na carta era: "O problema é ter que viver para quê? Ou para quem? Eu quero encontrar algo que me faça querer viver eternamente".
O pensamento exposto na carta da garota com certeza toma conta da cabeça de muitos, entregues ao mundanismo desenfreado, que acabam por chegar em certa etapa da vida onde esta questão se levanta da maneira mais drástica possível: ao deixarem a faculdade, ao repararem que os amigos se afastaram, ou ao perceber que durante anos e anos chamou a atenção dos outros somente por fora e para uma noite apenas, enquanto esses outros não estavam nem aí para os sentimentos ou caráter desta pessoa. Buscarão um rumo norte, que não atraiçôe como as futilidades e libertinagens da vida. Querem viver eternamente, ao invés de ficarem condenadas aos momentos. Despertam.
Todos os dias, ao tomarmos conhecimento de nossas fraquezas e pisadas na bola, temos a opção de despertar ou simplesmente não ligar. Despertar é muito mais custoso: nos humilhamos, voltamos pra trás para recomeçarmos muitas vezes do zero, pedimos desculpas e damos a cara pra bater. Entretanto, o resultado do despertar é muito mais eficaz, pois ao despertarmos de um erro ou atitude infeliz, crescemos mais em maturidade, espírito de luta, nobres objetivos. Já não ligar para os erros é muito mais fácil, tal como varrer a sujeira pra baixo do tapete. No entanto, esses erros varridos em certa altura da vida reaparecem para nos cobrar com juros e correção monetária os deslizes. Cobrarão nossa paz, humor, reputação, amizades, relacionamentos... em alguns casos, cobrarão a própria vida.
Portanto, respondo ao meu amigo e aos que se consideram derrotados pelo hedonismo e fogos-fátuos da vida: estes conhecidos algemados a uma vida sem valores ou objetivos chegarão daqui a um tempo ao acerto de contas consigo próprio. A própria vida irá perguntar a estes: "vai ou não despertar?". Afinal, estará em jogo a própria felicidade e a felicidade dos que estarão à sua volta: seria doído demais fazer estes pagarem o pato por erros cometidos em diversas etapas da vida.
Não tenhamos receio de despertar diversas vezes em nossa vida, e ajudar os que ainda não despertaram ou estão despertando para os legítimos valores da vida. É desta forma que caminharemos todos juntos ao legítimo objetivo desta vida: a Eternidade!
Eternidade que a garota que se suicidou tanto buscava.
São Paulo, 21/06/2009. W.E.M.
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