domingo, 14 de junho de 2009

Crônica - Ano II - Nº 82 - "Sede de otimismo e fé"

Junho é um mês que tem por tradição a realização de milhares de quermesses pelas paróquias Brasil afora. Muitas igrejas começaram as festas juninas já no final de Maio. E essas quermesses atraem gente de toda religião para bons momentos de lazer.

Mas nos perguntamos: de onde veio toda esta festança? Qual o motivo para bandeirolas espalhadas pelas ruas, fogueiras, quentões, etc? Simples: graças à fé de nosso povo na intercessão dos santos. Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro e São Paulo (29/06) que o digam!

Num bate-papo via MSN há algumas semanas, uma pessoa amiga perguntou, ao comentarmos sobre as dificuldades corriqueiras: "Afinal, de onde vem tanto otimismo de sua parte?". Aquela pergunta me deixou pensativo e com uma questão a ser respondida: seria talvez um sinal de que as manifestações de fé e otimismo estariam em baixa cotação?

A resposta encontrei hoje, em duas ocasiões próximas de tempo-espaço: A primeira parte da resposta encontrei ao assistir à Missa de Santo Antônio, na Santa Casa de Santo Amaro (12h). Ao terminar a Missa, várias pessoas se dirigiram à frente do altar, com sacolinhas cheias de pães, para que estes fossem abençoados pela intercessão de Santo Antônio. Ao terminar a fórmula da bênção, não pude deixar de perceber várias pessoas mordiscando seu pãozinho, com um sorriso cheio de fé e otimismo renovados.

Já a segunda manifestação de otimismo vi ao tomar o 856R-Lapa, em direção a Pinheiros, saindo da Missa. Em certa altura, vi um bonachão rapaz entrando com uma caixa repleta de barras de cereal para serem vendidas. Com muito bom humor e alguns versinhos, ele conquistou os passageiros e vendeu várias barrinhas, sem perder o sorriso no rosto. Um lutador, um rapaz de muita garra, sem dúvida. Mas um exemplo de fé e otimismo entre conturbados transeuntes.

Hoje temos uma sociedade afrouxada nos dois quesitos que dão o título à Crônica. Soa de maneira estranha a muitos manifestar uma visão otimista e com fé dos fatos que ocorrem à nossa volta, e ao mesmo tempo é considerado normal o homem queixumento, que reclama dos mais ínfimos detalhes ou que mostra uma falta de fé para que dias e circunstâncias melhores surjam. Mas os exemplos colocados mais acima mostram que é maioria os que esperam por pessoas que levem um tsunami de otimismo e fé por onde quer que passem. Aquele rapazote vendedor, assim como as pessoas presentes naquela Missa com certeza se levantarão todos os dias, independente das circunstâncias, soltando um sonoro "vamos lá" e irão à luta, com forças renovadas.

Numa biografia de São João Maria Vianney, "Cura D'Ars", um dos padroeiros da França, havia uma passagem que relatava o diálogo entre um rapaz sem fé e o santo. Ele dizia: "Eu acho uma besteira essa história de ter fé, e o sr. não me convencerá do contrário". O santo limitou-se a dizer: "Não tem fé? Pena, então devo comparar sua inteligência a de uma criança de cinco anos, que mal possui a idade da razão. Vai continuar aí, com essa visão pobre da vida e sem sonhos de verdade?". O rapaz, envergonhado, baixou a cabeça e chorou, confessando sua visão triste e negra de qualquer coisa. Mas recuperou as forças e a fé. Pois bem, será que estamos com a visão tão obnubilada quanto a do rapaz acima, sem qualquer sopro de otimismo e fé? Ou temos essa sede de forças renovadas para cada dia que nasce, para assim atravessarmos montanhas?

Juntemo-nos aos assistentes da Missa e ao vendedor! Taquemos otimismo e fé no nosso próximo. Pois os santos que comemoramos em cada festa junina estão nos altares justamente por terem passado uma mensagem de fé e otimismo para todos os dias. E quem duvida que a tão proclamada crise mundial começa pela crise de pessoas transmissoras da fé e otimismo?

Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo diriam: crise de santos!

São Paulo, 14/06/2009. W.E.M.

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