Mas nesta crônica não falarei tanto dos namorados, mas dos solteiros. Sim, dos solteiros! Pois, como vimos no título da crônica, há dois tipos deles: o bom solteiro e o "solteirão".
Primeiro, quero aplaudir de pé a todos os amigos e leitores que estão bem amarrados para este 12/06, seja num namoro ou casamento. Estas pessoas, ao pararmos pra pensar, vivem com as atenções voltadas ao companheiro (a) durante seus dias. Não têm pudores de gastar seu dinheiro e dedicar sua atenção em telefonemas ou visitas de madrugada, se transformam em poetas, atores ou cantores para homenagear a cara-metade, vencem distâncias... Enfim, coloca como plano de fundo de cada dia seu amado. E esta atitude no mundo de hoje não é nada fácil, principalmente ao pensarmos que há uma grande pressão (mesmo de pessoas próximas queridas) em que se substitua este ritual belíssimo de dedicação e carinho por relações fúteis, de um dia ou hora marcada, sem sentimento algum e para mero usufruto. Eu aplaudo vocês, mais uma vez, maridos, esposas, namorados e namoradas!
Agora vamos falar da diferença entre o solteiro e o "solteirão". Comecemos falando do solteiro, que não é sinônimo de sozinho, nem mesmo quando falamos da questão da cara-metade. A sensação de solidão é acompanhada, na grande maioria das vezes, pelos excessivos pensamentos em torno de si próprio: quanto mais giramos o pensamento no meu, meu, meu mais nos fechamos para as pessoas queridas. Há muitos solteiros que abolem a solidão através da companhia dos parentes e amigos, na concentração em tarefas importantes do cotidiano, nos simples atos de ouvir uma música ou ler um bom livro, e por aí vai. O bom solteiro não coloca como pauta prioritária do dia a busca por uma pessoa amada: sabe a hora certa em que algo do tipo rolará, principalmente ao pensar que cada dia é um novo dia, e que um encontro banal com uma pessoa conhecidíssima ou mesmo desconhecida pode resultar no encontro desta cara-metade. E é claro, ao ver esta ocasião surgir, agirá.
Por outro lado, há os "solteirões". E quem seriam essas figuras? Os "solteirões" se diferenciam dos solteiros por trazerem em sua alma a resignação, isto é, um falso conformismo com seu status quo. É típico do "solteirão" dar asas à solidão em qualquer ocasião, e usar os trabalhos e amigos não de coração, mas como simples tapume para esconder seu verdadeiro sentimento. Logo, o "solteirão" é aquele que resume o amor como amar o sexo oposto, mas se esquece dos outros e milhares de amores que a vida traz, e tem pouca paciência pra esperar (ou mesmo agir) a hora certa do relacionamento acontecer.
Portanto, o Dia dos Namorados não pode ser encarado pelos solteiros com tristeza. Uma pessoa bem solteira tem os pés-no-chão e hierarquiza as prioridades do momento, além de saber o momento certo em que rolará o clima. Além disso, uma pessoa bem solteira possuirá um "feeling" apurado, pois saberá com clareza invejável qual o momento e a pessoa certa. Não adianta ser um solteiro que sai por aí "catando": quem se rende a este tipo de solteirice sem compromisso verá não pessoas pelas quais possa se interessar, mas corpos que poderá usar para aquele curto instante. Isso é também ser "solteirão", pois aí temos um exemplo de verdadeiras ações e valores da vida sufocados por um pseudo-sentimento com tempo e hora marcados pra acabar. São os Amores dando lugar a "amores" com "a" bem minúsculo.
Um salve aos enamorados! E bons solteiros: a hora e a vez há de chegar. Basta para isso continuar apostando nos legítimos Amores.
São Paulo, 07/06/2009. W.E.M.
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