terça-feira, 26 de maio de 2009

Crônica - Ano II - Nº 79 - "Ah, os amigos..."

No próximo dia 31/05, dia de Pentecostes (ou vulgo Festa do Divino), irá aniversariar meu melhor amigo. E nada melhor do que aproveitar e escrever uma crônica-homenagem pra falar do valor que é ter um, dois, vários, ou como diria o Rei Roberto, um Milhão de amigos.

Um tesouro que não se pode trocar por nada neste mundo é um amigo. Amigo é aquela pessoa com quem você é capaz de passar horas, horas e horas falando e escutando as alegrias, dificuldades, amores, sonhos... Recentemente numa das conversas com um outro grande amigo em dificuldades, este me disse: "Putz, se não fossem os amigos eu já teria cometido uma besteira".

E é verdade. Nessa correria do dia-a-dia, voltamos pra casa bem tarde, algumas vezes altas horas da madrugada, e não temos tempo de ver nossos familiares. Outros, em busca de transformar sonhos em realidades, deixaram esses familiares em sua terra natal, e hoje moram fora de casa com outras pessoas (o CRUSP é um celeiro desses guerreiros). Logo, os amigos que cercam esta pessoa acabam por muitas vezes não substituir, mas complementar o calor humano da família. Esses amigos nos acompanham no chopinho do happy-hour, nos estudos, na conversa de faculdade, na divisão de segredos e aspirações e por aí vai.

Até mesmo na palavra "girlfriend" ou "boyfriend" (respectivamente namorada e namorado, em inglês) está a palavra "friend", que significa amigo (a) - lembrando que está chegando o 12/06, heheh. Eu brinco que essa junção de palavras é proposital: afinal, uma característica que marca a relação entre amigos é a cumplicidade. Não há segredos, paira a confiança, os choros e alegrias de um são as do outro, também. Os namoros são um passo além dado por dois grandes amigos que vêem algo a mais nas relações em comum.

Quando uma pessoa é avessa às amizades, tem poucos contatos ou prefere ficar no estrito coleguismo seco, esta vira presa fácil da solidão, tristeza, egoísmo. O isolacionismo deixa-a presa ao seu mundinho, e os outros acabam, ao invés de serem colaboradores da construção desse mundinho, tornam-se invasores indesejados. Não é raro circular pelas ruas e corredores da USP, nas ruas de São Paulo, nos shoppings e praças e ver pessoas taciturnas, mostrando em caras fechadas e aspecto antipático a pouca disposição em parar para conhecer seus semelhantes. Tempo virou para muitos dinheiro e minutos que não podem ser desperdiçados nas conversas de corredor, e o ar desconfiado toma conta das pessoas: uma certa revista fez um teste na Avenida Paulista, onde um rapaz pediria informações sobre determinado endereço. De 10 pessoas abordadas, 3 passaram direto e não deram bola para o rapaz. 33,33%, o que é uma amostragem considerável.

Precisamos, pois, valorizar estes que estão à nossa volta e são tão próximos de nosso cotidiano, que são os amigos. Imagine como seria insuportável enfrentar as segundas-feiras de escola, trabalho ou faculdade, se não tivéssemos ao nosso lado esses companheiros que basta sentarmos e conversar um pouco para ganharmos nosso dia. Um amigo perto de outro amigo forma uma cidade amuralhada, e problemas crônicos de cada nascer do sol viram motivos de riso, bem como sonhos quiméricos tornam-se mais palpáveis quando estes queridos amigos nos dizem: "vai lá, você consegue".

"Ninguém tem maior valor do que aquele que dá a vida por seus amigos", disse o Mestre. E a filosofia solta o aforismo: "o homem é um ser social". De fato Ele sabe o que diz e a filosofia acerta em cheio, pois quem aposta nos verdadeiros amigos cumpre com esse mandato divino e essa potência do ser humano. Esqueceu-se no outro, como disse o pouco cristão Hegel na frase que coloquei em meu Orkut nesta semana - e mostra como até os pensadores durões batem palmas para a necessidade da amizade e relações verdadeiras.

Um salve aos "combustíveis" da vida corrente: os amigos!

São Paulo, 25/05/2009. W.E.M.

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