terça-feira, 19 de maio de 2009

Crônica - Ano II - Nº 78 - "Estender a mão"

Uma palavra que ressoa bem aos ouvidos de diversas pessoas (e que mesmo quem não vai com a cara pratica com facilidade) é caridade. Quando esquentamos o leite para o nosso irmãozinho, ou informamos onde fica aquela rua, temos ali a bendita caridade.

No último Sábado, tive a oportunidade de assistir a um filme que tinha por núcleo o debate sobre a amizade ("Smoke - Cortina de Fumaça"), e que trouxe um debate acalorado entre todos os que assistiram. E um ponto que foi unanimidade na discussão foi a forma pela qual o filme falou da amizade: o diretor não usou a velha forma dos "dois amigos camaradas", mas sim mostrou pessoas cheias de defeitos e com caráter um tanto duvidoso... mas que praticaram pequenos favores e detalhes um para com o outro. Estenderam a mão às dificuldades do amigo (a), vencendo fraquezas de caráter.

E hoje, antes de escrever essa crônica, senti na pele o quanto faz diferença as pessoas que estendem a mão: voltando pra casa, 1 da manhã, cansado, literalmente "apaguei" no ônibus da volta. Já ia passar do ponto e indo pra beeeem longe de casa, quando uma moça que me conhecia de outras viagens no mesmo ônibus (e que nem tinha percebido que estava no mesmo ônibus que eu) tocou em meu ombro e me acordou a tempo. Ufa! Obrigado!

Em meu livro de cabeceira, um dos pontos favoritos diz que essas crises mundiais na verdade são "crises de santos". Quem seriam esses santos? Os "impecáveis", defensores radicais da moral e bons costumes, puritanos? Nada disso: esses santos são justamente essas pessoas que tem por primeira capacidade cumprir com esse singelo gesto de estender a mão ao próximo. Basta pensarmos: de onde vem as brigas, discórdias, stress, murmurações, deslealdades? Pode ter certeza que essas nuvens negras nasceram de um gesto pequeno ou grande de não olhar com a devida caridade estas causas.

Agora, nos imaginemos cercados por pessoas que tenham como primeira conduta essa atenção ao próximo, que vêem não meras pessoas, mas potenciais amigos. Já pensou o quanto nos seria mais agradável ir para o trabalho, para a faculdade ou andar pelas ruas da cidade? E não é utopia imaginar esse mundinho sair do papel: se cada um de nós saísse de casa disposto a despertar o "santo" em pelo menos uma pessoa por dia com nossa atitude de estender a mão, quantos não alcançaríamos???

Diante disso, eis uma receita para nos animarmos mais nas noites de domingo ou a cada amanhecer de uma jornada de trabalho e luta: sair e estender a mão (um cumprimento, perguntando as novas ou como foi o dia, etc), para o chefe, ao motorista da lotação, para a velhinha no metrô, ao seu Mané da padaria... Os ânimos se recobrarão com muita facilidade.

Coloquemos em prática essa característica que temos como ser humano - sermos de fato um ser social, que precisa do contato com o próximo pra tornar essa nossa jornada pela Terra suportável e que vale a pena. 

A propósito... já "estendeu sua mão" hoje?

São Paulo, 19/05/2009. W.E.M.

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