sábado, 4 de abril de 2009

Crônica - Ano II - Nº 72 - "Santa Cruz"

Mais uma Semana e Sexta-feira Santa. O fundamento do Cristianismo está no ar.

Peraí... não é o Natal? Não: o Cristianismo recebe todo seu sentido ao meditarmos o Tríduo Pascal: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O Natal é onde começa, mas o ápice está na Redenção.

Poderia utilizar esta Crônica para contar sobre o mistério da Redenção e os porquês diversos que Cristo morreu na Cruz. Mas hoje falarei do principal "instrumento" que Ele usou, para levar a cabo este mistério, e que está tão perto de nós: a Cruz, a Santa Cruz!

Como é fácil lembrar da Cruz todos os dias! Ela está presente em diversas formas em nosso cotidiano: no mau-humor do amigo, da namorada ou do chefe; na unha encravada inesperada; no ônibus atrasado ou lento; no micro que trava... até mesmo no Metrô (Estação Santa Cruz). A Cruz está justamente nessas contrariedades que enfrentamos.

Então, por que chamar essas dores de Cruz? Por um simples motivo: quando consideramos essas dores de maneira positiva, isto é, ao invés de nos enfurecermos ou chutar o balde, aceitarmos (depois de um momento de cabeça-quente) o revés, temos a Cruz. Isto porque estaremos nos assemelhando com Jesus. 

Não pensemos que Ele, ao ser condenado à morte de Cruz, saiu resmungando, batendo o pé. Não: abraçou o Madeiro. Sabia que, por aquela morte dolorosa, abriria nada mais nada menos que as portas do Céu para todos. Convido inclusive ao leitor para ver o filme "A Paixão de Cristo", e notar um detalhe muito bem captado pelo diretor e colocado em cena: Cristo não se rebelando contra a Cruz, mas sim abraçando-a, gerando protestos de um dos ladrões que foram crucificados com Ele. Este diz a Cristo: "estás louco? Vai morrer na Cruz, e abraça-a?". Pois é, Cristo abraça a Cruz porque sabe que ela seria instrumento de algo muito, mas muito grande!

Também podemos tirar conclusões e grandes propósitos das cruzes de cada dia. Não é masoquismo, onde ficaríamos felizes com a vinda de contrariedades: na verdade é preparação para quando essas contrariedades derem as caras. Os homens fortes desse mundo são aqueles que "agüentam o tranco", que se levantam depois da queda, que bebem as lágrimas diante de uma má temporada. Eles jamais abaixam a cabeça para os momento de tempestade, e trocam um momento de resignação por aceitar as conseqüências desses momentos ruins, preparando-se ao mesmo tempo para revertê-los em coisa boa.

Quando não sucumbimos perante a dor e tiramos força para vencê-la e convertê-la em aliada para a solidez de nosso caráter, estamos transformando um momento difícil e esquecível em corredenção com Cristo. Mostramos que somos mais fortes, sólidos e confiáveis que qualquer liga metálica. E essa fortaleza irá refletir-se em nosso cotidiano: não cederemos ao mau-humor (nosso e dos outros), recomeçaremos no erro e seremos compreensivos, pacientes, leais. Jamais recorreremos ao jogo sujo para conquistar nossos objetivos, tampouco afrouxaremos o caráter. Nem bateremos o pé como uma criança mimada, no momento em que formos contrariados: reagiremos como a mais doce delas, que confia em seus pais e obedecem sem pestanejar.

Uma vez li uma reportagem sobre o que estava afastando os cristãos e católicos da prática da religião. E uma mulher praticamente sintetizou o pensamento de milhares: "não gosto de topar com aquela imagem de Cristo morto". Muitos templos e seitas "maquiam" Jesus, de maneira a transmiti-lo nunca na Cruz (tanto que, nesses templos, a Cruz aparece no máximo desnuda, sem a imagem de Cristo). Errado!

Se quisermos entender o porquê de vibrarmos pela Páscoa, não podemos esquecer Cristo na Santa Cruz. Ele quer que O olhemos na Cruz e não nos esqueçamos: pela Cruz te abri o Céu, a Eternidade. Ele nos quer mostrar muitos "céus" todos os dias, justamente por essas Cruzes cotidianas. 

Fica o convite dEle para nós, nesta Semana Santa e sempre: carregar junto com Ele a Cruz, e assim transformar o vulgar e doloroso em Divino e Eterno! Ombros fortes?

São Paulo, 03/04/2009. W.E.M.

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