quarta-feira, 25 de março de 2009

Crônica - Ano II - Nº 71 - "Exemplo nosso de cada dia"

Os últimos encontros e gostosos bate-papos com os amigos deram a tônica de mais essa crônica.

Na última semana participei de uma deliciosa confraternização de aniversário com vários amigos. Dentre eles, estava uma garota que facilmente chamou a atenção dos homens presentes ali por sua beleza (a minha também, claro, mas fiquei na minha, hehehe...). E rapidamente os "ataques" deles começaram, com a ajuda dos amigos, dando a primeira impressão que rapidamente a menina cederia. Surpreendentemente ela mostrou-se impassível diante dos ataques. Não perdeu a compostura, nem cedeu às investidas dos fúteis rapazes (a futilidade de suas intenções estava na cara e no trejeito). Enquanto a turma estava indo embora, não pude deixar de "cumprimentá-la" pela firmeza diante de tal situação. E a resposta surpreendeu, também: "Não sou garota de ceder ao primeiro que vem pela frente. Sei o que quero, e não é essa futilidade que quero pra mim".

Já alguns dias depois, em conversa com duas amigas sobre a questão da religião e a perda de força desta no mundo atual, uma delas solta: "O problema está em que as pessoas que pisam na bola nas questões de fé geralmente são as que aparecem nos noticiários, pois a imprensa não perdoa. Já as pessoas que levam ela a sério e poderiam ser referências são deixadas de lado, abrindo espaço para a divulgação do mau exemplo dos primeiros".

O elo entre esses dois "causos" é a questão do exemplo. No primeiro, temos um bom exemplo de firmeza e caráter formado por parte da garota; no segundo, temos a constatação de maus exemplos querendo denegrir o caráter da religião. Mas nos dois, exemplo.

Uma vez um grande amigo meu me disse: "Wanderlei, com minhas atitudes não quero ser exemplo pra ninguém". Mas o que disse pra ele na ocasião escrevo agora: não tem jeito! Na faculdade, no trabalho, na família, nas amizades e relacionamentos, estamos sempre diante da questão do exemplo. Sempre há por parte das pessoas um olhar atento para nossas ações e comportamento. E a maneira pela qual agiremos será o nosso "cartão de visitas".

Podemos contagiar os que estão à nossa volta pelo bom ou mau exemplo. Ou plantamos valores, boas intenções e ações para eles, ou plantamos vícios, preguiça, desserviços. Nós podemos ser referência positiva ou negativa no que fazemos, em todas as ocasiões. Podemos receber um carimbo de "pode confiar" no trabalho, nos estudos, na família... ou então recebermos um carimbo de "Danger! Don't pass" nesses mesmos ambientes. Já pensou freqüentarmos ambientes onde somos cercados pela desconfiança ou pela ironia: "ah, esse aí nem adianta passar ou contar isso pra ele"???

A questão não é "o que os outros dirão". Cada um tem sua opinião, e é livre para ir ou não com nossa cara, e nem devemos ficar dando trela para "o que fulano achou" sobre nós. Porém a formação de nosso caráter passa pela exemplaridade. Queiramos ou não somos referência, e é fundamental que sejamos, já que não tem jeito de passar oculto, uma referência positiva. Em nossas ações podemos ensinar lições para os que nos cercam seja pra agora como pra daqui a vários anos. Mas se temos a oportunidade de deixar lições positivas, um pedacinho de Céu, para que deixaríamos um inferno para nosso próximo?

Enfim, o exemplo está tão presente em nosso dia-a-dia quanto o pãozinho da padoca. Ou os passamos, ou os percebemos nos outros, ou vemos pelas conversas com esses quem serviu de referência positiva ou negativa. Que tal ficarmos do "lado bom da força", e ser o herói da história, ao invés do vilão? Repito: não é uma questão de querer agradar, mas sim de querer deixar um bom cartão de visitas, para que os outros possam contar conosco para o que der e vier, e nos coloquemos à disposição. Isso é virtude, bem como é um eficaz meio de transmiti-la. Ou você acha que deixar um cartão de vicissitudes é colaborar para a amizade ou para fazer um mundo melhor?

Lutemos, portanto, para deixar um bom exemplo. Como vimos, todos nós precisamos deles para termos referência. Do contrário cairemos na armadilha da desilusão, que diz que tudo tá errado, quando na verdade era o exemplo do rumo certo que faltava. Vide o segundo "causo" que contei.

São Paulo, 25/03/2009. W.E.M.

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