quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Crônica - Ano II - Nº 66 - "Folia x Libertinagem"

Após um gostoso aniversário de 25 anos, chega o momento de "começar o ano": o Carnaval. Todo brasileiro diz que o ano só começa na Quarta-feira de Cinzas. Pois bem, ela está aí, na porta...

E por causa dessa ocasião, muitos aproveitam para ir curtir o feriadão: uma viagem, uma piscina, descansar. Pois quando chegar as Cinzas, batente! Portanto, todos à folia! É direito (eu diria mais: dever) de todos aproveitar o Carnaval para carregar as baterias. Essa festa é característica por ser uma festa onde a tristeza e o desânimo são "personas non gratas".

Porém, em contraste com essa alegria, de uns tempos pra cá o Carnaval virou sinônimo, infelizmente, de outra coisa: libertinagem. Muitos aproveitarão estes dias de folia em diversões nada saudáveis, pois para estes o Carnaval virou ocasião de extravasar os piores instintos sexuais com o (a) primeiro (a) que vier pela frente. A festa para muitos virou orgia ou bacanal, e mesmo as autoridades contribuem para isso, ao distribuir preservativos aos montes em qualquer esquina.

Amigos, o Carnaval é uma festa e tanto. Gosto dos desfiles (tanto que torço para a Rosas de Ouro, em SP, e para a Mocidade, no RJ), ouço marchinhas e sambas, viajo, etc. Mas adoro o Carnaval quando este é sinônimo de diversão, não de promiscuidade. Os desfiles da TV mal dá para acompanhar, tamanho o esquecimento do samba, das cores e carros (o primeiro intuito, ao serem criados os desfiles), e a apologia ao sexo. Homens e mulheres serão tratados como meros brinquedinhos de prazer por pessoas que talvez nunca mais olharão nos olhos. Uma sensação de "vale-tudo" tomou conta da festa, e os limites do certo e errado são enterrados. Será este pseudo-carnaval uma verdadeira folia, diversão?

Eu sonho poder escrever uma Crônica falando somente sobre os pontos positivos dessa festa, porém a cada ano que passa esses pontos positivos são obnubilados pelos negativos. Portanto, não dá para passar batido nesses pontos negativos, pois o contrário seria fazer uma fantasiosa vista grossa, e compactuar com esses que transformaram o Carnaval em pura "putaria" (como diz o ditado, "quem cala, consente"). Onde ficaria a coerência?

Então, diante desse quadro, batatas pro Carnaval? Não, muito pelo contrário. Se há tanta gente por aí que faz um marketing tremendo dessa promiscuidade, por que não nadar contra essa corrente, e fazer um marketing da verdadeira beleza do Carnaval? Uma beleza onde a orgia não tem vez, mas sim a alegria, as cores, as letras do samba e carros alegóricos, as fantasias?

Criticar a apologia ao sexo e a banalização deste no Carnaval não é um discurso puritano. Pelo contrário: é discurso de pessoas que sabem o verdadeiro valor do sexo, e que não vêem corpos, mas sim almas. O puritano detesta o sexo, acha "coisa do capeta", quando na verdade ele é uma dádiva de Deus, um instrumento para a geração de novos seres humanos. As pessoas que fogem desse Carnaval-orgia tem bem presente na mente o conceito de dignidade da pessoa humana, e não dão asas a instintos animalescos. E combatem esses com um Carnaval bem vivido, recheado de histórias divertidas, alegria e respeito ao que é o ser humano.

Assim, é lançado o convite a um Carnaval repleto de folia e alegrias que condizem ao que é o ser humano, e não a um carnaval com "c" minúsculo, repleto de egoísmo e sexualidade à flor da pele. E ao mesmo tempo um outro convite: desmascarar (literalmente), enfrentar e corrigir aqueles que transformam uma festa e ocasião de alegria em pura ocasião de satisfação de instintos putrefatos que tomaram e tomam conta não só do Carnaval, mas também da música, publicidade, televisão, relações humanas.

Passada a mensagem, só uma coisa a dizer: samba no pé, encontro com a galera, passeios, cervejinha moderada... Folia de verdade neste Carnaval para todos nós!


São Paulo, 18/02/2009. W.E.M.

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