Na Igreja Católica, entre os dias 18 e 25/01, pede-se pela unidade dos cristãos. Foi escolhida esta data pelo fato do dia 25/01 ser festa da Conversão de São Paulo (daí o nome da cidade: São Paulo): o Oitavário pela Unidade dos Cristãos.
No dia 25/01, ao visitar a Catedral da Sé com um amigo meu, percebi um "choque" de credos: a Missa ocorrendo na Catedral, e do lado de fora, se esgoelando, dois pregadores protestantes, chamando a atenção de alguns transeuntes. E não muito longe dali, a Catedral Ortodoxa, o templo da "Deus é Amor", templos presbiterianos, metodistas, etc. Isso sem falar nas sinagogas, mesquitas, centros espíritas, templos budistas, que representam também uma parcela da população que se dedica a credos não-cristãos. E os "tenho um lado espiritual independente de religiões", como diz o Orkut (ou mais conhecidos como agnósticos), e os ateus (eu lamento e rezo por esses).
Pensemos: 12 milhões de pessoas em Sampa, 6 bilhões pelo mundo... e fés e credos diversos. Não há nada que poderia uni-los, afinal? O que poderia unir-nos?
Há uma resposta dada por Jesus Cristo, que pode servir para cristãos, não-cristãos e ateus: "Tenho ovelhas que não são deste aprisco(...) mas cumpri o principal mandamento: amai-vos uns aos outros". Nesta sentença está embutida a primeira essência para reflexão no Oitavário que citei linhas acima: o respeito pelos diferentes credos em primeiro lugar. Quando olhamos os conflitos Palestina-Israel, percebemos ali uma total falta de diálogo ou respeito pelo que a outra pessoa acredita ou deixa de acreditar. E assim acontece não só no caráter espiritual, mas também em nosso relacionamento com outras pessoas. Quantas vezes já não tentamos "moldar" uma pessoa como gostaríamos que ela fosse? Ou quantas vezes já não tentaram nos "moldar" no trabalho, na Universidade, na roda de amigos?
O amor de que Cristo fala na sentença acima está intimamente ligado com o conceito de Liberdade. Deus deu ao ser humano a liberdade de ações e pensamentos, que pode ser dirigida para um bem ou para um mal. E isso gera essa diversidade de posições, que não é contraditória com a idéia de unidade: diversos, porém na mesma estrada, uma só estrada!
Partamos desse pressuposto, ao falar de fé: todos somos, em essência, "Cor unum et anima una", um só coração e uma só alma. Só conseguimos que o outro venha para o "nosso time" naturalmente (e não forçadamente) quando lhe mostramos naturalmente o "caminho". Como? Pela prática sincera e viril daquilo em que se acredita, capaz de convencer esse indivíduo até mesmo sem utilizar-se de palavras. Uma vez, li sobre um converso para a religião católica, dando seu testemunho de como isso aconteceu: "eu era agnóstico, e em meu serviço trabalhava um rapaz que se destacava: sorria sempre, atendia o telefone com toda a calma do mundo, trabalhava muito bem. Fiquei curioso, e resolvi por conta própria 'investigar' o cotidiano desse rapaz. Um dia, num almoço, fui seguindo-o, e vi que ele entrou numa capela perto do trabalho, e ali se ajoelhou e ficou uns cinco minutos rezando com uma foto na mão. Quando ele saiu dei de cara com ele, sem querer, e acabei tendo que ir almoçar com ele. Batemos um papo, e não pude evitar de perguntar sobre a foto: de quem era? Ele me mostrou: era uma foto da confraternização de fim de ano, onde todos os funcionários apareciam; e ele me contou: 'passo todos os dias na capelinha, e peço por todos e suas famílias'. Ali caiu minha ficha: ele pensa em todos, e descobri o porquê! E fui atrás desse porquê".
Diversidade e Unidade! E cientes de que só respeitando-as e sendo exemplares em nossa fé é que mostraremos a todos o que é a Verdade.
São Paulo, 26/01/2009. W.E.M.
Um comentário:
A verdade já sabemos e caminho para realmente nos tornarmos irmãos também. A caridade é o amor ao próximo em ação. E caridade não deve ser entendida apenas como uma benfeitoria feita a um irmãozinho com condições financeiras piores que a nossa. A caridade é todo a qualquer auxílio que prestamos, seja materialmente ou espiritualmente (o que são os bate-papos com amigos, senão um dos maiores benefícios espirituais que Deus nos permitiu ter?). A abnegação e o autruísmo é algo que devemos cultivar mais e assim seremos seres mais aptos a sermos realmente irmão em caridade.
Bom texto, rapaz!
Abraço!
Postar um comentário