Há alguns dias estive no Interior de São Paulo (Ourinhos). Lá, encontrei um grande amigo meu que é apaixonado por aquela cidade, e num longo e prazeiroso café colocamos o papo em dia. Inevitavelmente ele começou a discursar sobre Ourinhos: a cordialidade, o carinho entre os habitantes entre si, o amor. E me perguntou sobre o porquê de meu amor por São Paulo, pois lá "o pessoal anda de cara amarrada, você é só mais um, não existe".
Respondo a este meu amigo em forma de crônica (também o fiz pessoalmente), afirmando: Amor e São Paulo combinam, sim!
Só a cidade de São Paulo, sem falar nas cidades vizinhas que compõem a Grande São Paulo, transeuntes e turistas possui 12 milhões de habitantes. São Paulo não é uma cidade qualquer: sair para trabalhar, ir à Universidade ou encontrar os amigos pressupõe uma história diferente nesta cidade. Os dias são diferentes, as pessoas e atrações que você mal percebe num dia de correria no outro podem ser percebidos, com um passeio tranqüilo. O gigantismo de suas atrações e história, bem como suas estatísticas são desafiadores.
E as pessoas? A cada metrô que tomamos, ônibus que corremos atrás, ou nos shoppings e parques pelos quais passamos podemos estar fadados a encontrar uma pessoa capaz de dar um giro de 180º em nossas vidas. Eis um "causo" recente que vi, numa dessas tevês instaladas dentro dos ônibus paulistanos: um cobrador, na linha em que trabalhava, após um tempo já trabalhando nessa encontrou uma moça que passou a utilizar a linha. Passaram dois meses sem trocar uma palavra, até que um dia ele tomou coragem e puxou papo com a moça. Começava ali um casamento que já dura 20 anos. Na fila do banco, no cinema, nas ruas e avenidas, entre um leque de opções, topamos com pessoas de gostos e personalidade parecidos ou diferentes, mas capazes de mudar o seu dia por um simples sorriso ou gesto.
Apesar disso, se há muitos que acusam os paulistanos e a cidade de serem frios, é porque ainda falta em muitos dos que escrevem a história da cidade um sentimento fundamental: amor. Não o amor ufanista, que faz vista grossa aos problemas e defeitos da cidade e sua gente, mas sim um amor de preocupação, carinho, atenção para com estas pessoas e com a cidade.
Há em nossa cidade uma síndrome de falta de amor, indiferença: olhares apressados, falta de carinho e preocupação com o outro. Um simples ato de cordialidade (bom-dia, obrigado, etc) já foi esquecido por muitos, assim como não se sabe o nome dos vizinhos. Entretanto, da mesma forma que muitos estão contaminados por essa crise do amor-caridade, outros muitos espalhados por essa cidade procuram trazer em suas ações esse amor de que a cidade e seus habitantes precisam. Olham o próximo como devem ser olhados, exercem a cidadania e a cordialidade, amam. E quando falo muitos, no caso de São Paulo esse muitos está na casa dos milhões, milhões que quase todas as cidades do Brasil e muitas do mundo sequer passam perto.
Estes milhões que amam acordam a cada dia com um desafio: aumentar e espalhar o contingente de pessoas que trazem consigo esse amor-caridade, em qualquer tarefa que exercerem, tal como as ondas que se formam quando jogamos uma pedrinha num lago. Esse é um motivo pelo qual amo tanto esta cidade: por essa missão que se põe em minha frente e na de muitos. Com todo o respeito, em Ourinhos ou outra cidade o desafio seria bem menor, já que a situação desse amor-caridade está muito mais assentada. Paulistano que é paulistano gosta de empreendimento, e quer maior empreendimento do que este: erradicar a indiferença desta grandiosa Selva de Pedra?
Assim, se você como eu tem em mente essa tarefa desafiadora, seja bem-vindo a São Paulo! Esta terra já é conhecida por não poder parar; imagine então com esse desafio que é posto à nossa frente?
Parabéns, Sampa! Terra do Desafio do Amor!
São Paulo, 18 a 25/01/2009. W.E.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário