A relação dos professores com o dia 15/10 é devido à primeira lei geral (atuais decretos) promulgada no Brasil que versava sobre o ensino, em 1827. A partir dela, surgiriam as futuras leis que possibilitariam o desenvolvimento da educação brasileira.
Não coloco nesta crônica o comprido texto da lei geral. Mas basta dizer que essa lei seria importante para o surgimento oficial, no Brasil, de uma classe tão importante e ao mesmo tempo tão sofrida: a classe dos professores.
É corriqueira a história do "você trabalha, além de ser professor?" contada pelos colegas, nas aulas que curso da Licenciatura em Geografia. As dificuldades para lecionar, a falta de estrutura e apoio dos superiores, o tempo corrido e o pouco reconhecimento oficial: não são poucas as barreiras que um professor tem de enfrentar para ensinar. Muitos acham que ser professor é uma maneira de "fugir" da dura luta por emprego que temos em nosso País, ou é uma carreira subalterna que pouco pode ser eficaz, se comparada com as "Administrações" ou "Engenharias" da vida...
Para os que possuem a opinião acima e zombam da profissão de professor, uma frase peculiar de Fernando de Rojas, escritor espanhol do século XVI: "Coisa horrível é pensar ser professor quem nunca foi discípulo". Na caminhada da vida, independente da idade, quantas vezes nos deparamos com ocasiões em que tivemos de ensinar? Seja mostrar onde fica uma rua ou que ônibus tomar para algum transeunte; como fazer aquela conta ou ensinar como se escreve, para nosso irmão caçula; ou como responder aquela questão ou fazer tal trabalho, com os colegas de universidade, e por aí vai.
Agora pensem que não aprendemos esses conhecimentos sozinhos, que houve alguém por trás desse saber: houve um professor... que antes foi aluno e tinha outro professor, que também foi aluno...
Querendo ou não, o patamar de conhecimentos que temos até agora e que contribuem para o futuro passaram e sempre passarão pelas explicações de um professor. A profissão que exercemos só pôde ser concretizada com muitos de nossos dias e anos ligados às explicações de assuntos e diversas matérias de diversos professores. Quem deu ou der as costas a estes momentos certamente se auto-condena a grandes dificuldades para conseguir um trabalho e sustento: apela para o trabalho informal, e não raras vezes enfrenta momentos terríveis de carestia e tristeza. E mais do que isso: as mais parcas noções de civilidade, cidadania, virtude se perdem no tempo, transformando o homem num ser ao "Deus-dará", que deixa a vida lhe levar sem qualquer terra firme para guiar os passos. E, ao contrário, quem segue esses "atalhos" dados pelo professor certamente terão muito mais conteúdo e hábitos operativos bons (isto é, virtude) pra queimar no cotidiano. É fato!
Ao invés de inserir aqui discursos adocicados sobre a carreira de professor (que também ouvi bastante nas aulas da Licenciatura), fico com um exemplo que topei há pouco mais de um mês: encontrei e bati um delicioso papo com uma pessoa que, recém-formada, segue a carreira de professor de Geografia. Contou das dificuldades que encontrou nos primeiros dias como docente, da luta por pôr a turma nos eixos. Mas, logo depois de contar os percalços, soltou um sorriso inesquecível, de orelha a orelha, ao contar que hoje consegue levar diversas salas adiante, com as turmas interessadas. Suas horas diárias de dedicação hoje estão aí, transformando meros jovens em Homens que poderão, sim, fazer a diferença mais adiante. Uma tarefa dedicada somente a gigantes.
Parabéns, Professores! De alguém que quer ser realmente útil e deixar rastro no mundo, tal como vocês o deixam todos os dias.
São Paulo, 13/10/2008. W.E.M.
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