Mas não posso deixar de relacionar esta crônica nova, mais uma vez, com os Jogos Olímpicos. Aproveito o gancho de diversos comentários que surgiram na reta final das Olimpíadas, devido a alguns resultados negativos inesperados da delegação brasileira.
O que mais ouvi foi a seguinte expressão: "O brasileiro tem que aprender a controlar seus sentimentos"; "Somos emotivos demais"; "Se o brasileiro tivesse a frieza de um chinês...". Tudo isso devido à facilidade do brasileiro em deixar a razão ser sufocada pela emoção, pelo choro (quanta gente vi chorar nessa Olimpíada - que o digam os brasileiros..). Somos frágeis emocionalmente.
Sem dúvida, é difícil você ver em um brasileiro nato a frieza. Não somos conhecidos por ser um povo gelado e tristonho nas relações, muito pelo contrário. Damos muito à mostra quais os nossos sentimentos.
E isso não é ruim. O problema está quando falta um controle nos sentimentos.
Segundo a caracterologia do ser humano, um dos temperamentos que marcam o homem é o do sentimental: um homem doce, pacato, mas que de deixa facilmente levar pelo estado de ânimo. Não reflete: sofre de cara. E na mesma caracterologia temos o fleumático, o famoso "inglês", isto é, o impassível, que não se abala por nada. Frio.
E qual dos dois, pois, seria o melhor? A resposta é: estão no mesmo patamar. Ser uma pessoa sentimental tanto pode ser para bem como para mal, assim como o fleumático. O segredo está no equilíbrio do uso dos sentimentos, isto é, não ser um exacerbado e crônico sentimental, nem ser um chatérrimo e triste fleumático.
Amigos, o homem em sua maioria tem uma tendência a deixar prevalecer o sentimento. Mas isso muitas vezes acabou transformando homens em fábricas de lágrimas e sujeitos instáveis. É o sentimentalismo mau, que faz com o passar dos anos com que o ser humano lance suas pérolas para os porcos para querer correr atrás de um sentimento. Que o diga a parábola do Filho Pródigo, no Evangelho de São Lucas: o filho mais novo pediu a herança e "puxou o carro", querendo curtir as delícias da vida. Puro sentimentalismo de momento... já sabemos no que deu essa parábola, certo?
Sem dúvida, se o Brasil e sua Comissão técnica fizer um trabalho de equilíbrio psicológico, capaz de acertar os ponteiros do Sentimento, teremos tudo para, daqui a quatro anos, em Londres, estar brigando frente a frente com os 10 melhores do ranking de medalhas (sem falar nos investimentos em esporte...). Ao mesmo tempo, esse equilíbrio deverá ser feito de maneira a extrair o bom sentimento do atleta (perseverança, luta, fair play...), ao invés de se investir em um atleta rude, sem vibração, quadrado... sem sentimentos. Quem apostou nessa linha pôde ver o salto nas medalhas, e mesmo o Brasil sentiu os impactos do sentimentalismo equilibrado, com o Vôlei feminino e seu ouro.
Pois bem, façamos um exame: como andam os meus sentimentos. Sou meloso ou seco demais?Enquanto isso, com os sentimentos apurados, vamos juntos rumo a Londres! É por aí que começam Jogos Olímpicos históricos, tal como o último...
Até 2012!
São Paulo, 26/08/2008. W.E.M.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário