A crônica desta semana é baseada num fato muito interessante que observei em um dia de estudo do Centro Cultural São Paulo, no último dia 16.
Havia um casal de irmãos rachando para a reta final da FUVEST. O rapaz não estava com muita vontade de estudar, e levava o estudo bem a meias, contando as horas no relógio. No mesmo instante a irmã pegou em sua apostila e soltou:
"Caríssimo, vc não estudou nada hoje... é preciso fechar esse tempo marcado de estudo hoje... a prova está chegando!"
Imediatamente o irmão reuniu forças, e voltou a enfrentar a doída apostila de Química (Cálculo Estequiométrico... meu Deus!).
Esse exemplo serve para os temas que vim refletindo durante esta semana: a prudência e a diligência. No caso acima, a prudência da irmã, que antevia a maratona do vestibular, e a diligência de ambos, que não deixaram a peteca cair e perseveraram no combate das apostilas.
Ser tachado de imprudente ou irresponsável é um dos piores pontos que podemos cair em nossa vida cotidiana. Imagina chegar no trabalho, na reunião para aquele seminário, e receber na cara um "irresponsável!". Ou então, na hora da multa de trânsito, um sermão do "marronzinho": "que imprudência a sua, hein?". Não é nem um pouco divertido perder a confiança dos que te cercam por detalhes de descuido, desinteresse, indiferença, tédio.
A prudência é a "guarda-costa" de nossa atuação diária. Faz com que saibamos pensar antes de agir, e evitar cometer uma tolice. É a famosa precaução. O prudente sabe quando tem de tirar o time de campo, ou ainda, sabe a hora certa de atacar em qualquer assunto.
Não podemos confundir prudência com covardia. O verdadeiro prudente não deixa de agir: o faz na hora certa.
Já a diligência (do latim "diligo": amar, apreciar, tratar com carinho) faz com que a pessoa bote o coração naquilo que está fazendo. Não faz vista grossa em nenhum assunto. É polivalente, pois é capaz de lidar com qualquer tema, em qualquer ocasião. Os chefes, amigos, esposo (a), namorado (a) o admiram, pois tem sempre uma incumbência pra levar, um assunto novo pra contar, e não perde o pique: qualquer tema lhe serve de deleite. Seca gelo, se for necessário.
O diligente é o oposto do preguiçoso: este é difícil de animar. Uma tarefa, para este último, custa. Não se impõe na roda de amigos (se os têm), não se entusiasma. Sua vida é um marasmo, e espera a primeira correnteza (que, muitas vezes, o diligente provoca com sua alegria e ação) para se "movimentar". É um Chato com C maiúsculo.
Os dois temas são muito unidos: é praticamente impossível ver um prudente que não seja diligente, e vice-versa. Para o dia-a-dia, não praticar essas virtudes significa correr o risco de se esborrachar com as dificuldades que esse mesmo dia-a-dia traz (cansaço, provas, tarefas, pendências, responsabilidades). Muitos se esborracham ao pé-da-letra: basta ver o último índice de acidentes nas estradas paulistas e federais, pra se ter uma idéia. E o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) já avisou: a grande maioria dos acidentes vêm de pura imprudência dos motoristas ou pedestres (atravessar fora da faixa, dirigir alcoolizado, excesso de velocidade, etc.). Outro exemplo: acidentes de trabalho e afastamentos - muitas vezes conseqüentes de excessos de trabalho, falta do devido descanso, não usar EPI (Equipamento de Proteção Individual). Ambiente universitário e profissional - tarefas pra depois (por preguiça), não estudar ou se atualizar, não ser sincero em colocar para o superior uma dificuldade ou ocasião de estresse, etc.
A História conta o valor da prudência e diligência: Napoleão e Hitler perderam suas batalhas cruciais por esquecerem do inverno russo. Fracassos. E Alexandre Magno estudava cada detalhe do povo a ser conquistado. Um dos maiores conquistadores da História!
São Paulo, 18/11/2007. W.E.M.
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