Porém me lembrei de duas coisas: de que 29/05 é dia do Geógrafo, e de que ainda não tinha escrito nada falando sobre o curso que amo e faço, Geografia.
Assim, esta crônica é como se fosse um "parêntese" nesta lendária semana em minha vida, pra falar da Geografia.
E o que dizer? Poderia utilizar 1001 discursos acerca do pensamento geográfico, de pensadores como Ratzel, Lacoste, etc. Falar da crise da Geografia, ou da inexistência da mesma. Falar de geoprocessamento, mercado de trabalho, cartografia, recursos naturais, política, solos, clima, hidrografia, etc...
Mas ontem, em viagem a Taubaté devido ao ENG, ouvi de um professor o que talvez melhor represente o cotidiano do geógrafo. O geógrafo está embutido no mundo, e seu local de trabalho e tema de estudo é a vida.
Não é um discurso ufanista, dos que gostam de dizer que "tudo é Geografia". Um discurso seco desses só transpareceria a arrogância e soberba da classe. O que é possível traduzir desse discurso é o seguinte: em tudo podemos tirar material de estudo e campo de trabalho para nossa ciência. Um geógrafo saberia lidar com os mais diversos temas de "igual pra igual" com engenheiros, biólogos, arquitetos, etc. O geógrafo, por essa característica, mostra ser uma cientista que não deve ser menosprezado em qualquer hipótese, pois ele tem um campo de visão que transcende a mera separação do "físico" e o "humano". É alguém que pode ser um competentíssimo parceiro para qualquer estudo.
Não faltam exemplos de amigos meus a serem contados do respeito que se deve dar (e dão) para o geógrafo. Um deles, pra ilustrar, que ouvi na última semana: numa certa empresa de consultoria, onde trabalha uma amiga minha estudante de Geografia, havia a necessidade de uma vistoria a ser feita em determinado dia, só que neste dia ela estaria fora por motivos de viagem. Esta empresa é composta por funcionários de diversos ramos, inclusive biólogos e engenheiros ambientais. Ou seja, a vistoria poderia ser feita, independente dela estar viajando ou não, certo? Errado!!! A vistoria foi remarcada para outra data, de maneira que ela voltasse a tempo para participar dessa vistoria. Uma prova cabal de respeito pela profissão de geógrafo (e também, obviamente, da competência dessa minha amiga, a ponto de que todos, sem chiar, a esperassem...).
Quando vou conversar com os amigos, é interessante perceber a diversidade de segmentos que cada um quer seguir: Biogeografia, Geomorfologia, Geografia Urbana, Agrária, Licenciatura, etc. Mas com um detalhe: todos, da sua forma, correndo atrás da realização do sonho de ser um geógrafo eficaz e respeitado. Sentimentos movidos por um só ideal.
Eu também tenho meus sonhos geográficos, principalmente desde Novembro, quando se abriram as portas para um novo trabalho, com horas suficientes para conciliar o mesmo com o estudo. Nos últimos tempos, venho trabalhando em iniciações científicas, grupos de estudo, monitorias, eventos, comissões... enfim, semeando um sonho que trago comigo: de um dia poder estar cooperando dentro do quadro de professores da USP, onde estudo. Há muito a ser feito por lá, e vejo que a partir de lá, cerne das discussões geográficas da América Latina, sairão bases fortes para que as outras universidades e seu quadro de docentes e futuros geógrafos cresçam e façam uma Geografia coesa. O que, para alguns lá mesmo da USP, não vem sendo almejado, em virtude de interesses sujos e ocultos sob diversos traços.
Geógrafos formados ou não, hoje é nosso dia. Continuemos a sonhar e atuar nos temas do homem e do mundo. Do contrário não seríamos Geógrafos, mas portentosos trapaceiros.
Que não existam impossíveis para nós!
São Paulo, 29/05/2008. W.E.M.
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