Crônica - Ano I - Nº 30 - "Tempo"

Há umas duas semanas, conversando com um grande amigo, ele me questionou sobre uma das crônicas que escrevi e publiquei em meu blog - ele ainda não aderiu ao Orkut - mas logo ele cede... -, falando sobre a questão do ócio. Nesta crônica, lembro muito bem de que comentei sobre o ócio, a preguiça, o não fazer nada. E ele perguntou: mas e o ócio produtivo? No silêncio, na quietude, não pode sair nada de bom?

É claro que pode sair. Pois a partir desse momento o ócio produtivo não é mais ócio, mas sim aproveitamento do tempo.

Uma coisa que aprendi nestes últimos anos, principalmente quando avançava a adolescência, é a importância do tempo. O tempo é uma arte, é uma vida correndo, é glória de Deus. Quanta coisa não dá pra ser feita? Quantas atividades a serem tocadas, projetos, planos, boas ambições??? E o tempo, meus caros, é um fator determinante para tudo isso sair do papel.

Não faço aqui a apologia ao ativismo. Há uma diferença entre aproveitar o tempo e ser ativista. O ativista só vive correndo, e na verdade não tem tempo, pois só fica correndo atrás de suas coisas. Um amigo passaria despercebido, ao cruzar por um ativista, pois a ânsia por suas coisas seria tão grande que superaria a amizade.

Quem vê o tesouro que é o tempo sabe muito bem puxar o freio de mão das preocupações. Ao cruzar com alguém, pára e dá a devida atenção, como se fosse a última oportunidade de cruzar com essa pessoa. Quem aproveita o tempo sabe descansar, pois vai fazer planos nunca sozinho e na correria, mas pensando: com quem eu vou fazer esse plano? Num simples futebol, ele põe o papo em dia, fala e ouve as preocupações do outro, faz esporte... volta com histórias pra contar.

A crítica que faço não é para o "ócio produtivo", como fala meu amigo. Critico o tempo mal aproveitado. Critico aqueles que trocam um momento agradável com um amigo, um tempo de estudo ou de leitura de um livro ou poesia, um passeio... por um ato de dormir até às três da tarde... pra depois acordar e... novamente, sem planos... Isso não chamo tempo produtivo, mas sim preguiça! E a preguiça é mãe de muitos outros vícios, inclusive o próprio ativismo, pois o ativista terá preguiça de fazer planos com os outros e de olhar para as coisas simples que tem em volta.

O tempo é sábio, e como eu gosto de dizer "é senhor da razão". Não há aliado melhor para chegar aos objetivos almejados do que o tempo. Mas para isso ele precisa jogar no time titular, atuando, pondo fogo em nosso jogo da vida. E não ficando num banco de reservas empoeirado, sendo mal aproveitado.

Este feriado de Corpus Christi ("Corpo de Cristo": dia de preceito para os católicos - isto é, um dia em que a presença na Missa vale como se fosse um Domingo), o último com esse esquemão de ponte antes de Novembro, é uma boa ocasião para um exame e uma atuação neste quesito tempo. Valorize-o, não deixando este feriado passar sem boas histórias, visitas, viagens, estudo, esporte... quanta coisa, não? Tenha certeza de que estará dando uma aula de como cuidar do tempo, e respondendo àqueles que te perguntam: "como você consegue fazer tantas coisas?"

Um brinde ao tempo bem aproveitado! E que este amigo possa trazer grandes surpresas, vitórias e reviravoltas positivas para todos nós!

São Paulo, 22/05/2008. W.E.M.