sexta-feira, 16 de maio de 2008

Crônica - Ano I - Nº 29 - "O mundo dá voltas"

Há um chavão muito conhecido de todos, ao lembrar a dinâmica que o homem vive no dia-a-dia: o mundo dá voltas.

E, de fato, ao pararmos pra pensar em diversas situações, quantas vezes o mundo não deu voltas para muita gente?

Vou dar um exemplo, pra variar, futebolístico, da semana passada: o Flamengo de tantos amigos meus, depois de ter vencido o América do México, na Cidade do México (vejam só...) por 4x2, praticamente cantou vitória antes do tempo. Churrascada, cerveja, oba-oba... festa garantida no Maracanã, só pra sacramentar a classificação na Libertadores. Porém, quem diria que o mesmo América iria contrariar os prognósticos, e reverter com um sonoro 3x0, em pleno Rio de Janeiro??? Um silêncio mortal tomou conta do Maracanã, e muito choro. Os botafoguenses, que estavam mordidos por perderem a final do Carioca contra o Flamengo, comemoraram tal qual um título do próprio Botafogo, e tiraram um sarro da mesma forma que os flamenguistas o fizeram uma semana antes: zoando com o chororô...

Pois é... o mundo dá voltas...

E nessa toada não caminha só o futebol. A nossa vida está sujeita às voltas do mundo, tal qual esteve o Flamengo. Uma oportunidade antes dada por perdida, de repente bate às portas como se fosse a primeira vez. Onde você não esperava estar, de repente está. Cito o exemplo de meu pai: trabalhou em uma firma de 1997 a 2001. Passou alguns meses desempregado... e justamente quem lhe abriu as portas foi a mesma empresa. Ou de um amigo meu, que não dava a mínima para os estudos... e de repente, quando eu o encontrei, o cara estava entrando no Mestrado.

O ser humano já provou mais de uma vez que é capaz de vencer a barreira do impossível. Mesmo Deus diz: "a Mim, tudo é possível". E assim o é de fato, se o sonho a que a pessoa almeja ganha uma dose extra de perseverança, garra, luta. Lutar é girar com o mundo, fazê-lo dar a volta necessária para que a situação mude um dia. Esse um dia poderá demorar dias, meses, anos... mas tenha certeza: se há combate, nem que seja um silencioso combate, esse dia vai bater na porta como uma grata surpresa, da maneira mais inusitada possível. Caminhos antes paralelos poderão cruzar-se de uma hora pra outra.

Meus amigos, se tem uma coisa que o ser humano não nasceu pra ser é estável. Somos dinâmicos, e um pensamento pode ser afetado com um estalar de dedos. Isso não quer dizer que não devamos lutar pela constância, pois se assim não fosse, seríamos uns esquizofrênicos, duas caras, como diria a novela. O que quero dizer é que não devemos dar por garantida a vitória ou a estabilidade de uma situação "ad aeternum". Estamos passíveis a mudanças, seja de forma direta como indireta, através de uma outra pessoa ou ação. O trabalho, estudo, relacionamento, alegria de hoje, amanhã podem, por banais motivos, darem uma guinada. Seu trabalho muda de local, o estudo não era o que você imaginava, o relacionamento antes maduro esfriou, a alegria virou melancolia. E vice-versa. Enfim, estamos, como diria a música, numa roda-gigante. E a posição de hoje pode não ser a posição de amanhã.

É por essas e outras que reafirmo o lema: lutar, sempre; vencer, talvez; desistir, jamais. Pois o que parece perdido agora de repente pode despertar, tal qual um vulcão adormecido por séculos, de forma avassaladora.

Jamais cante vitória ou derrota antes do tempo, nem durma sobre os louros do passado. Afinal nosso mundo, onde os antônimos precisam tanto um do outro, dá voltas. E quem hoje perdeu, amanhã pode ganhar.

São Paulo, 15/05/2008. W.E.M.

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