domingo, 11 de maio de 2008

Crônica - Ano I - Nº 25 - "Confiança"

Esta Crônica foi escrita no dia 13/04/2008.

As crônicas que escrevo semanalmente geralmente são construídas em cima de fatos da semana, ou comentando sobre uma virtude. Pois bem, misturarei as duas coisas nesta crônica, como sempre venho procurando fazer, desta vez protestando contra os desconfiados...

Falarei aqui de uma virtude imprescindível para qualquer relação interpessoal: confiança.

Começo contando um "causo": Numa noite de tempestade em alto-mar, os tripulantes de um navio estavam assustadíssimos!!! O vaivém das ondas, a fúria das águas estavam quase que pra virar ou arrebentar a embarcação. Todos ficaram desesperados, tentando de alguma forma evitar a tragédia. Graças a muito esforço (e uma boa reza), o navio passou pela tempestade sem sofrer um arranhão.
No mesmo instante, sai de um porãozinho uma criança com ar tranqüilo, e totalmente alheia a tudo que aconteceu. Surpreso com o ar assutado de todos, o garotinho pergunta a um dos marinheiros: "Tio, o que aconteceu? Tá todo mundo com cara estranha...". Este responde: "Ué, você não viu a tempestade? Quase fomos pro fundo do mar.". Sem pestanejar, o garotinho diz: "Que nada! Pois o capitão é o meu pai!!! Ele é quem tá dirigindo o navio. Não vamos afundar nunquinha!".

O garotinho do "causo" acima mostrou para nós como viver a virtude da confiança. Ela se liga a muitas outras virtudes: lealdade, caridade, etc... Confiar significa conversar com alguém, agir, tomar uma decisão confiando na reação ou atitudes da pessoa com quem nos estamos relacionando naquele momento. Não ficar pensando em segundas intenções, ou ficar com o desconfiômetro ligado (o que ele quer de mim? Tá interessado em quê? Ah, lá vem ele querendo alguma coisa - indagações internas de quem traz consigo esse desconfiômetro).

Pergunto: já pensaram se, em cada conversa com um amigo nosso, começássemos a medi-lo, procurando segundas intenções, ao invés de lidar com confiança com o mesmo, sabendo da lealdade dele? Ponha-se no lugar: não seria chato demais conversar com alguém sabendo que está sendo medido? Um menosprezo à amizade e à pessoa.

Essa relação de confiança faz falta, e muita falta, nos dias atuais. Hoje existe a tendência de não vermos mais amigos ou colegas, mas sim degraus para servirem nossos interesses. As relações internacionais e fechamento de importantes negócios ou tratados estão cercados pela cortina de fumaça da desconfiança (o que esse cara quer, hein?).

Diferencio aqui a desconfiança da prudência. O prudente sabe com o que vai se meter antes da ação, e quando vai exercê-la estará "vacinado" contra o desconfiômetro. Já o desconfiado nem bem encontra alguém e já levanta uma lista de oportunismos que este pode querer. Ser confiante não é somente engolir a seco a pessoa, mas sim olhar para ela procurando ver as suas boas intenções, ao invés das más.

Geralmente quem não confia nos outros não trará consigo o adjetivo de pessoa confiável. Num dos meus anos de escola, houve uma reunião para definir os encargos para a construção de um trabalho em grupo. Havia uma pessoa que ficava murmurando, aos cantos: "Ai, este nao vai fazer a parte dele. E o outro, então? Ficará uma porcaria." Era um chato: cobrava os outros a todo o momento, desconfiando da capacidade dos mesmos. Quando chegou a véspera da entrega do trabalho, todos entregaram sua parte com perfeição... exceto esse chato. Justamente o desconfiado não era o confiável. De fato: como passar confiança para os outros, se só soubermos olhar interesseiros ao nosso redor? Essa pessoa será entre os seus um insuportável, daqueles que fugimos a qualquer amizade ou sentimento mais forte.

Eis a virtude da confiança. Olhemos para os outros como devem de fato ser olhados. O importante é não trazer consigo uma trena medidora de intenções, o que seria algo digno de se pôr no campo " O que não suporto", em nosso perfil de Orkut.

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