Nesta semana começa o mês de Abril. Justamente pelo famoso "Dia da Mentira". Muita zoeira, provocação aos amigos, pegadinhas, etc. É claro que uma mentirinha não pode faltar, hehe... uma mentira jocosa, uma piada ou provocação sempre são bem vindos, pra quebrar qualquer clima gelado.
O problema é quando esse espírito jocoso se transforma em algo sério. Pois, para muitos, o dia da mentira não se resume ao 1º de Abril. Mas sim aos 365 dias do ano.
A mentira não é só o "contar uma mentira". Já é chato quando, em uma ocasião em que não se deveria esconder a verdade, mentimos. E isso acontece com certa freqüência: por exemplo, quando mentimos sobre um erro cometido, ao não assumirmos este erro.
Mentir aparece sob outras modalidades: quando não sabemos admitir um erro ou defeito nosso (ou não lutamos por corrigi-lo); ao nos omitirmos no trabalho ou estudo, cedendo à preguiça ou ao "não fazer nada"; ao faltarmos com a sinceridade e transparência ao conversar com um amigo nosso, etc. A mentira aparece também quando enganamo-nos, não agindo como deveríamos agir naquela circunstância.
Não há algo pior do que a mentira para consigo mesmo. Quem o faz acaba por viver de ilusões, devaneia sobre acontecimentos ou desejos que sequer tem chance de acontecer na vida real. E além disso dá uma prova tremenda de falsidade e falta de firmeza de caráter: como acreditar nesse sujeito? Quando ele vai, de fato, falar o que está acontecendo de verdade?
Compartilho, em certo sentido, com o ditado "A verdade dói". Dói, só que tem uma diferença: essa dor será como a dor provocada pela picada de uma injeção. Passageira, não vai demorar a passar, e ainda por cima trará em seguida um bem. Agora, a dor provocada pela mentira é como a dor de um câncer: não aparece na hora, mas quando se manifesta, muitas vezes é letal ou, na melhor das hipóteses, deixará irreparáveis seqüelas.
Se hoje moramos em uma cidade e um País que passam por tremendos problemas, devemos em boa parte àqueles que transformaram seus dias em um prolongamento do 1º de Abril, com mentiras, fraudes, corrupção e falta de caráter da pior estirpe. Basta ver o telejornal ou folhear o jornal favorito: desafio você a contar quantas vezes aparecem notícias relacionadas à acusações e delitos. A mentira é parceira direta desde os pequenos deslizes até os mais hediondos crimes.
Uma vez meu pai me contou um "causo": voltando para casa já tarde da noite, com um grupo de amigos, avistaram dois moços que só pela aparência denunciavam que viria um assalto. Só que um dos presentes
afirmou conhecer os caras. Por essa mentira, todo mundo perdeu as carteiras, roupas e relógios...
Admiro os que possuem a virtude da sinceridade e da transparência. São estes que, como Cristo diz, são homens de uma só peça. Aliás, um dos raros elogios diretos que Ele fez foi para Natanael, que mostrou ser "homem no qual não há falsidade". É sempre preferível um "não" sincero a um "sim" hipócrita, em qualquer assunto (nem vou falar do "homem meio-termo": este merece uma crônica destrutiva, pois a meia verdade é algo nefasto).
Que este primeiro dia de Abril seja sinônimo de um mês de muitas vitórias, com aquele toque de humor. Mas convido à reflexão: que também possa ser uma ocasião para reafirmar um compromisso com a verdade, com o caráter. Desse compromisso sairá o exemplo para os que estão mais próximos. E, em conseqüência, para os que estão próximos destes, e assim por diante. Você terá feito que muitos indiretamente também façam esse compromisso. Ceder à mentira é como ir andar na corda bamba no alto de um monte: você até pode não cair naquele momento, mas a queda, se não matar, trará graves conseqüências.
Pensem se houvesse um veto à mentira e o pleno amor à Verdade: talvez ali estaria este Brasil e mundo que nós tanto desejamos.
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