domingo, 11 de maio de 2008

Crônica - Ano I - Nº 17 - "Saber perder"

Esta Crônica foi escrita no dia 20/02/2008.

Este espaço, desta vez, não está destinado a uma virtude direta, mas sim a uma atitude que complementa a virtude da humildade: saber perder.

Porto Alegre, 16 de Agosto de 2006. Beira-Rio. Segundo jogo da final da Libertadores entre Internacional e São Paulo. No primeiro jogo, 2x1 para o Colorado em pleno Morumbi. Ou seja, mão na taça.

Entretanto o jogo não correu conforme o chavão. O São Paulo entrou valente, não desistiu, lutou, tal como se estivesse no Morumbi. Mas não deu: 2x2, o suficiente para o Colorado ser campeão.

O que chamou a atenção, no entanto, foram as declarações dos jogadores, técnicos e dirigentes do Inter: "O São Paulo valorizou nosso título. Pois eles lutaram, foram guerreiros, não se deram por vencidos. Infelizmente o campeão só pode ser um.". Ou seja, caíram como vencedores, pois lutaram até o final. A seleção de 1982, o nadador de São Tomé e Príncipe, nas Olimpíadas de Sydney, em 2000 (que nadou até o final dos 100 metros livres e foi aplaudido de pé pelo público, apesar de praticamente ter sido "empurrado" pelo governo do país para nadar, o que lhe proporcionou um tempo 4 minutos pior que o do vencedor...) são casos de cair em pé, de saber perder.

Os revezes, derrotas e contrariedades fazem parte naturalmente de nossas vidas. A questão aqui não é o "aceitar a derrota", isto é, preguiçosamente deixar o barco naufragar e não lutar por reverter a situação. Saber perder é acatar a derrota que pode vir, depois de uma luta com sangue, suor e lágrimas, e rapidamente enxugar essas lágrimas e tocar novo rumo. Não chorar pelo jogo que acabou e perdeu, e sim pensar no próximo e, com otimismo, cultivar a luta pela vitória que antes não veio.

Coloco meu Tricolor como exemplo: naquele mesmo ano, ao invés de ficar chorando pela taça que não veio, o time se reuniu, treinou, recomeçou, arriscou... Como resultado veio um título que não vinha há 15 anos: Campeão Brasileiro de 2006.

Saber perder é fundamental para o mundo que vivemos. Não estamos em um conto de fadas, onde o "foram felizes para sempre" é unanimidade. Muitas ocasiões de reclamar, chorar, se chatear aparecem ao longo dos dias. O problema é quando a pessoa fica debruçada imaturamente sabe-se lá quanto tempo sobre essas lágrimas sem se mexer e partir para um novo horizonte. Se quisermos de fato mostrar nossa capacidade de reação, a derrota deverá ser uma amiga fundamental, e não inimiga. Não, não é pessimismo. Lutar, pôr o coração, dar a última cartada deve sempre ser o ponto de apoio em qualquer ocasião em nossa vida. Mas algumas vezes o resultado não é o esperado, o valorizado não te valorizou, o chute foi pra fora... e é preciso saber lidar com uma situação destas.

Deus mesmo dá a receita: não quer um punhado de infalíveis, mas sim pessoas que saibam se erguer quando a derrota aparece e continuam lutando. A mão calejada do lutador será considerada em primeiro lugar que a mão infantil e "meiga" do "infalível".

Quem sabe perder cai, sofre, chora, mas bebe as lágrimas e reage, rumo a patamares antes inalcançáveis. Queremos alcançar também o inalcançável? Então eliminemos a cara de tacho diante do revés e sacudamos a poeira com alegria, pois o "errei, perdi" assim se transformará em "aprendi", e com o tempo em "Venci!".

Obrigado por todas as manifestações de carinho recebidas por meu último aniversário (15/02 – 24 anos). Procurei responder a todas (um dever meu), desejando em dobro tudo o que foi desejado para mim. O Wanderlei aqui faz o possível pra trazer no coração, lembrar e rezar por cada um de vocês, tenham certeza! Nisso se inclui os que não mandaram "scrap" ou que mal me conhecem.

São todos vocês que me fazem sorrir cada 15/02, pois ganho automaticamente um presente: saber ter amigos de ouro!

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