domingo, 11 de maio de 2008

Crônica - Ano I - Nº 16 - "Vida"

Esta Crônica foi escrita no dia 08/02/2008, e ficou no ar até o dia do meu aniversário, 15/02.

Estava com muitas dúvidas sobre o que escrever como Crônica de uma semana tão especial. É fácil homenagear um aniversariante, pois há várias formas de fazê-lo. Duro é quando você mesmo é o aniversariante.

Até que, assistindo a Missa da Quarta-feira de Cinzas, veio um tema ideal para se tratar, e que representa bem o que significa aniversariar: Vida. Geralmente a Campanha da Fraternidade que a CNBB lança todo ano com um tema diferente (o deste ano é: Fraternidade e Defesa da Vida) é aberta no meio da Missa de Cinzas. E essa foi marcada pela exibição de um Powerpoint contando uma breve história, que conto abaixo.

Uma mãe francesa de 33 anos, chamada Lorraine, morreu de câncer no fígado no último mês de Janeiro. Porém antes, em Novembro, ela deu à luz seu quinto filho, com o câncer já descoberto. A heroicidade dessa mãe de família foi algo exemplar, e explico o porquê: esse câncer foi descoberto quando ela estava com cerca de quatro meses de gestação. Os médicos, ao diagnosticarem a doença, recomendaram que ela imediatamente começasse um trabalho de quimioterapia e que ela abortasse o feto, uma vez que ele estava "apenas" com quatro meses...
A reação dessa mãe foi instantânea: nem pensar! Vou levar essa gestação até o final, independente do câncer. Até chegar Novembro (se não me engano, dia 12/11...), quando nasceu o primeiro menino, após quatro meninas. Nasceu um pouco antes do esperado, e por isso teve de ir para a incubadora.
Logo após o nascimento da criança, Lorraine começou as sessões de quimioterapia. Infelizmente o câncer já tinha entrado em fase de metástase (quando ele se espalha por todo o organismo), e em Janeiro ela rumou ao Céu... Detalhe: entre Novembro e Janeiro, ela pôde ver o filho somente quatro vezes. No Powerpoint havia uma das poucas fotos dela segurando o bebê. Transparecia um sorriso e uma paz que nunca vi igual.
O menino não pôde ver ali o sacrifício que sua mãe fez para que ele viesse ao mundo, mas mais tarde irá entender. Ela poderia ter salvado a própria vida, se optasse por abortar, porém preferiu lutar para ambas estarem juntas. O que aconteceu, sem dúvida, e tenho fé que está mais do que nunca acontecendo agora.

São Paulo, Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 1984, 23h50 minutos. Minha mãe, tranqüilamente, me trouxe ao mundo. Ela não teve as complicações que Lorraine teve, porém ambas tiveram algo em comum: sofreram as dores do parto para uma nova vida vir ao mundo, e não optaram por jogar fora, como infelizmente muitas mães fazem por aí ao optarem pelo aborto, os seus filhos. Graças a ela estou aqui, escrevendo e vivendo.
Pois bem, farei 24 anos. Graças a Deus 24 anos de vitórias, onde cada dia vivo como se fosse o último. Agradeço todos os dias pelo simples ato de levantar, pois por este singelo ato repete-se o mesmo fenômeno do dia 15/02/1984, que relatei acima: a Vida prevalece.

Obrigado, minha mãe, por me deixar nascer naquela quarta-feira. Poder, durante estes 24 anos, ter passado por tanta coisa e estar cercado por tanta gente. Obrigado, Lorraine, por deixar que seu filho também viesse ao mundo. Que ele possa passar por muito mais coisa e mais gente que eu, quando ele chegar aos seus 24 anos.
Obrigado, Lorraine, por ter sido minha inspiração para esta crônica de Orkut, e mais que isso: ser o exemplo que levarei por toda a vida, principalmente cada vez que chegar mais um 15/02.

Obrigado a vocês, amigos que acompanharam esta crônica até o final. Saiba que vocês também têm seu capítulo escrito em meu livro da vida. Não poderia agradecer mais um aniversário se não fosse a participação de cada um, nas alegrias, tristezas, passeios, campos, etc. E olha que há muito mais a escrever... vamos escrever juntos!

E OBRIGADO, MEU DEUS, POR MAIS UM ANO DE VIDA! CONTINUAREMOS COM ESSA DOBRADINHA DE SUCESSO POR MUITO TEMPO, COM CERTEZA!

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