sexta-feira, 15 de março de 2013

Crônica - Ano VI - Nº 193 - "Retranca"


Outro dia, ao assistir uma partida dessas de futebol, vi que um dos times jogava na mais absoluta retranca. 11 atrás, pouca preocupação em atacar, catimba... De dar raiva na torcida do outro time!

Até que, no finalzinho, o time retranqueiro foi castigado com um gol de raça. O time que atacou, de tanto martelar, ganhou seu prêmio. E quem preferiu ficar na medíocre retranca, com medo de se jogar, se deu mal.

A vida da gente também requer de nós que tomemos posição de uma das posturas: ou a da retranca, ou a do ataque. Temos várias ocasiões de ataque: ao querermos algo, alguém... Vencer os medos e arriscar. Há também ocasiões de retrancar, e pensar um pouco antes do salto final.

O problema está quando se adota de vez o esquema tático da retranca em nossas vidas. Podemos perceber a retranca de várias formas: quando nos pegamos fazendo as coisas com medo de errar, quando não tomamos coragem de dizer certas coisas ou encarar certos desafios, quando nos preocupamos demais com nossa imagem ou "no que vão pensar". Enfim, aquela retranca que nos inibe e, como diz um amigo meu, "faz ter a corda tensa", que pode estourar de vez no mínimo toque. Retrancas como essa nos faz ter medo e insegurança em tudo o que fazemos, como se já entrássemos no jogo com a certeza da derrota. O que é a pior das circunstâncias.

Para irmos com mais ímpeto no encontro da vitória, que tal nos jogarmos mais? Perdermos certos receios que só entravam a nossa vida e nos fazem ir para trás quando talvez estivéssemos a dois passos do tesouro. A vida realmente poderá nos fazer gols (e golaços!) nos contra-ataques, mas antes de pensarmos nisso, é pensar nos gols que antes faremos. Não fez sucesso o recente time que tinha uma defesa péssima, mas um ataque que supria, a ponto de ganhar jogos épicos por 5x4, 7x3, etc? Eu tô nessa fase, de jogar menos na retranca e me jogar mais nos sonhos e projetos, sem medo de ir para as cabeças. Aliás, talvez uma das conquistas destes últimos anos foi a de "afrouxar um pouco mais a corda" e jogar o jogo sem cagaços de tempos anteriores. 

Se vou/vamos perder, sofrer derrotas? Algumas delas só saberemos jogando o jogo, mas e daí? As vitórias de quem se propõe a jogar sempre sobrepujarão qualquer derrota, e águas passadas darão lugar a águas limpas e recentes de novas histórias pra contar, com novas pessoas e paisagens - aquelas que tem de estar conosco, aliás. Sem falar que das derrotas aprendizados sempre surgem - aprendizados que talvez não viessem com vitórias "fáceis".

A missão está aí: sair da retranca e se jogar um pouco mais, sem se esconder embaixo da cama desse vidão que chama a gente! O novo Papa, aliás, em uma de suas primeiras falas convidou a cristandade a se jogar mais na missão e fugir da "filantropia barata". Talvez seja exatamente o que precisamos para dar uma guinada maior nesse mundo: ver justamente as pessoas de bem saírem da retranca e se jogarem no mundo com sua postura, valores, força. Afinal, muita gente venenosa hoje faz exatamente o que cobramos aqui: jogam no ataque, sem dó, em todos os ramos, já que não tem adversários à altura.

E aí, vamos jogar o jogo no 2-3-5, ao invés do 5-4-1? Menos retranca e mais ação, pra ganhar a peleja final!

São Paulo, 14/03/2013. W.E.M.

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