sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Crônica - Ano VI - Nº 192 - "O que serão dos 29?"

Mais um 15/02 à vista. O último na casa dos 20 anos, pois os 30 batem à porta. Sem medo da idade: aprendi há tempos que a idade é um estado de espírito: velhos que são novos, novos que são velhos, adultos como crianças, crianças como adultos...

Entretanto, por mais que eu tenha essa visão da idade, de que nós a formamos de acordo com nosso estado de espírito, uma coisa é certa: esses 29 chegam sendo tempos de reflexão pessoal e traçar metas, em diversos aspectos.

Pra começar, no aspecto pessoal. Certa vez, com um amigo conversando pelo pátio da GeoUSP por volta de 2011, ao observarmos que ao nosso redor havia uma geração que desconhecíamos, de que a popularidade e os amigos de anos anteriores tinham ido embora para dar lugar a novos lugares e pessoas a conhecer, vimos: por aqui, está encerrada a história, é momento de começar um novo capítulo. E assim foi desde então: não dava para almejar ser o mesmo Wanderlei do início da faculdade, ou ser o Wanderlei de 8, 9, 10 anos atrás (o Wanderlei dos 19 para os 20). A gente tenta não mudar ou se esforça para manter conosco tantas pessoas e ambientes que passaram por nós, mas em certas coisas isso é inevitável. Confesso que essa conclusão não foi fácil de chegar, e foi algo recente, fruto dos acontecimentos cotidianos.

Portanto, os 29 que chegam vêm com o desejo de se crescer para dentro, em não ficar preso em sentimentos, pessoas e histórias passadas, tal qual quando lemos um livro: podemos até em certos momentos voltar alguma parte, mas a ordem certa é segui-lo adiante, até o final. O momento é o Dorô, a pós, e adiante um novo trabalho. Mas sempre no rumo adiante, sem voltar ou ficar com nostalgias desnecessárias.

Os sonhos também mudaram. Lá antes dos meus 25, os objetivos eram mais soltos, sem tanta objetividade, querendo mais viver a cada dia sem ficar preso a metas. Depois da saída da faculdade e carreira docente iniciada, as perspectivas vêm sendo outras. O sonho da estabilidade profissional, financeira e independência pessoal ganharam corpo e as placas indicativas de que estes figuravam o novo capítulo a se iniciar se confirmaram. Esses 29 que chegam trazem consigo, mais que em meus 28, 27, 26 anos o desejo de finalmente, depois de tantas horas de voo nos estudos, trabalhos e etc, um pouso definitivo nessa estabilidade sonhada.

Nas amizades e relações, os 29 também chegam pedindo para não olhar para trás e não se prender tanto às pessoas. Costumo dizer que nos últimos anos "vendi o peixe" de minha pessoa, e que agora é hora de fechar a "loja" e se valorizar mais. As pessoas que querem minha companhia e atenção, essas sim é que merecem foco; não dá para ficar dando murro em pontas de faca por aquelas pessoas que não querem ou são indiferentes ao nosso trato. Os 29 chegam pedindo para não correr atrás, valorizar mais quem lhe valoriza, e deixar acontecer com naturalidade as coisas da vida, ao invés de querer forçar situações, como em alguns momentos nos últimos anos eu fiz.

Enfim, chegaram os 29, com sua leveza e ao mesmo tempo suas necessárias reflexões. O que serão desses 29? Quem cruzará meu caminho, ou estará comigo, ou os sonhos que virão a se cumprir durante eles até os 30 chegarem? Essa eu deixo para meu Pai responder, como até agora respondeu. O que Ele quer, e vejo isso em nossas "reuniões diárias", é que eu viva a vida, siga em frente, faça de cada dia novo um novo capítulo como foi até agora, mas agora com um toque especial: vislumbrar com maior clareza os objetivos dessa vida, que se há alguns anos estavam mais ocultos, se concretizaram e se revelam claros nos dias atuais. É hora de dar cada passo mirando sem receio algum esses objetivos que espero nos 29, ao invés de deixá-los para depois. Se tiver que ser depois, ou agora, ou não tiver de ser isso não sei, só Ele sabe, e conta com minhas ações para me dar a resposta, como sempre fez nesses 28 anos e 11 meses de estrada.

Respondendo a um questionamento que ouvi recentemente de uma amiga, que achava que eu tinha mudado, digo que não mudei. A essência, valores, continuam os mesmos: continuo aqui, no mesmo palco. A diferença é que o script (incluindo paisagens, personagens, etc) para essa minha peça chamada vida se mostra com novas falas a declamar. E serão declamadas nesses 29 que chegaram.

São Paulo, 08/02/2013. W.E.M.

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