Fim de Setembro: época de aplicar provas e fechar notas para a molecada (dá-lhe tarjetas e planejamento!), "corres" para os congressos e eventos geográficos (Belo Horizonte e Recife à vista!), Pedagogia a todo vapor. Família, amigos, leituras, sonhos, inspirações... projetos.
Esse agito do dia-a-dia, com certeza, também está presente em milhões de pessoas (inclusive você, caro leitor). Aplaudo todos aqueles que, 4 da manhã, já estão no ponto de ônibus esperando a condução para o início de uma nova jornada, pra voltar muitas vezes só no final da tarde... Tem a história de um estudante da USP morador da periferia de São Paulo, que sai 5 da manhã de casa, enfrenta quatro conduções, estuda, faz trabalho voluntário, pra voltar perto das 21. Histórias não faltam.
No entanto, queria me deter nestas linhas sobre a berlinda que estamos, ao assumir com raça essa jornada difícil, com seus desafios. É a berlinda da impaciência, da falta de caridade, do estresse.
Podemos utilizar os exemplos acima para ilustrar como essa berlinda está mais próxima do que imaginamos. É comum observar o ódio aflorando no ônibus lotado ou na maldita avenida congestionada que me fará chegar atrasado. Ou ainda: como engolir a seco aquela resposta atravessada daquele colega? E aqueles relatórios que me perseguem? Provas e trabalhos pra fazer ou corrigir nesta semana! Time perdeu aos 49 do 2º tempo! Fim de relacionamento, perda de um parente, briga com o irmão, ralou o carro... Enfim, eis uma pequenina lista de ocasiões onde, se bobearmos, deixamos os nervos aflorarem, e descontamos nossa fúria ou mau humor naqueles que não o mereciam. Péssima maneira de começar o dia e encarar o que vem pela frente.
Como é bacana ver que alguns seguem o excelente costume de "contar até 10". Meu autor favorito, no seu livro mais famoso, diz: "De calar não te arrependerás nunca; de falar, muitas vezes". Uma palavra atravessada pode pôr a pique uma amizade de anos, ou jogar por terra aquele trabalho ou função tão sonhada... ou, pra ser mais simples, te fazer perder o respeito e ficar exposto a comentários ou pessoas com mais estresse e ódio que você, até chegar às "vias de fato".
Contar até 10 permite que, diante das pendências, respiremos e tomemos fôlego para encará-las, sem fazê-las por mera obrigação ou de maneira resignada e até odiosa. Contar até 10 é uma virtude do homem prudente e caridoso, que sabe das consequências que podem ter um momento de cabeça quente, e por isso, esfria e sabe engolir a seco quando preciso (óbvio que, com momentos de explosão inevitável - somos seres humanos - , mas sempre com um pedido de desculpas e recomeço sereno após isso). Muitas vezes em nossa vida, toparemos com momentos em que calar é um remédio muito mais eficaz do que brigar; entretanto, a vida agitada cheia de cobranças e auto-cobranças fazem-nos esquecer desse detalhe.
Como bem postou um amigo de Facebook, o "amor sempre vence". Bora responder aos que nos tratam com a falta de amor-caridade justamente com o amor-caridade? Responder na mesma moeda, com "patadas", só nos fará entrar na vala comum e perder a razão que tínhamos, além de ajudar a espalhar o "câncer do estresse" na nossa alma já tão atribulada com tanto o que fazer e pensar. E aí: no que você e eu temos que "contar até 10" neste momento? Onde nossa serenidade e caridade andam quase zero? Que momentos do dia separamos para parar, pensar, desculpar e recomeçar? Ou, na verdade, você e eu não sentimos falta desse momento, preferindo o "efeito trator" para com o próximo, atropelando-o com nossa falta de caridade ao não saber esfriar no momento que mais precisávamos, mesmo diante de uma injustiça?
Escolha sua forma de contar até 10 (uma música, piada, o próprio silêncio...), e relaxe. Assim não haverá pessoas, tarefas e ocasiões capazes de nos tirar a paz, elemento "sine qua non" dado por Deus para nosso êxito e felicidade.
São Paulo, 30/09/2011. W.E.M.
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