segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Crônica - Ano IV - Nº 155 - "Poucos"

Primeiramente, queria agradecer a todas as mensagens, torpedos, MSN e ligações no dia de meu aniversário e depois. Conforme prometido, respondi a todas e desejo a cada um o cêntuplo de alegrias e vitórias!

Começam os 27 anos. Tempo de amadurecimento e decisões em minha vida. E a continuidade de buscar a felicidade, no ambiente do trabalho, acadêmico, no coração e na vida familiar e com os amigos. Entretanto pode soar esquisito essa palavrinha "felicidade": ela daria umas cem crônicas, com certeza, sem contar que muitos já a consideram uma utopia, besteira, ou ainda: falsidade. Afinal, onde ela está?

Talvez seja difícil para muitos apontar onde está a felicidade pelo fato do uso de expressões difíceis ou discursos alongados "a la Fidel" para tentar descrevê-la. Essa tal felicidade está não em muitos, mas sim em poucos. Muitos poucos.

Nas últimas semanas seja na televisão, com amigos ou em escritos, topei com verdadeiros odes à felicidade no pouco. No pouco dinheiro, nas poucas necessidades ou mesmo poucas ambições. Certa vez, eu e mais alguns amigos pudemos perceber a felicidade e a paz nos rostos de algumas pessoas paupérrimas, com pouco com o que comer e se vestir, mas se gabando de sua honestidade, do carinho verdadeiro entre os familiares e de sua honradez. Sim, há uma emoção geral por parte da sociedade ao ver pessoas com pouco, ou que não tem medo de viver com pouco e sofrem privações (basta ver a comoção nacional a cada desastre natural ou a mobilização para doações em diversas espécies). Essa seria a tal felicidade, esse seria o pouco?

Ter pouco não significa ter felicidade. Um pedaço farto de nossa felicidade não está no curto e grosso não ter, mas sim em precisar de menos. Aquela família que eu e meus amigos visitamos não estava feliz pelo simples não ter, mas pelo fato de precisar menos das coisas materiais para uma vida em harmonia. Seria passível de riso as pessoas conformistas, que acham que felicidade é miséria ou caem em discursos ideológicos de que os ricos não tem felicidade porque tem dinheiro. Peraí...

Quando falamos de felicidade, devemos nos remeter às pessoas que estão ao nosso redor, ao sucesso como pai, mãe, filho, avô, profissional, estudante, marido e outras atuações. E esse sucesso só ganha corpo a partir do momento em que não transformamos determinado objeto ou conquista numa obsessão, como o fim de tudo, num ciclo interminável de precisar de cada vez mais coisas e pessoas. Ao criarmos necessidades por criar, são justamente essas últimas que passarão a ter um protagonismo em nossa vida, e esqueça-se o resto. A felicidade está no jogo de equilíbrio das coisas e pessoas, e a partir do momento em que uma dessas pessoas ou coisas são causas de psicose de nossa parte, onde se não as tivermos cometemos loucuras, tem algo muito errado.

Para alcançarmos essa felicidade, um bom começo é saber se conformar caso não se tenha aquilo que queremos no momento, e ao mesmo tempo não se conformar. Como isso é possível? Conformar-se nesse caso seria não partir para a psicose, caso não se tenha algo: uma hora vem, com nossa fé e esforço para isso, mas isso não é instantâneo. Lembro de um treinador de futebol que quebrou a cabeça durante algumas rodadas pra caçar o time ideal: o  time perdeu, ele foi vaiado, mas pediu paciência a todos, que logo o time estaria voando. E assim foi: passados alguns dias de treinamento e encaixe, o time voou em campo, engatou várias vitórias consecutivas e foi rumo às finais. E aí entra o não conformar-se: o treinador não teve um surto na hora em que o time ia mal, mas também não ficou parado. Correu atrás, treinou, lutou e conseguiu colher os frutos da vitória. Construiu uma base sólida com "muito poucos", ao invés de choramingar pelos "pouco muitos".

Tem mais quem precisa de menos! E a felicidade está aí, em aproveitar o que já temos em mãos, ao invés de pirar com aquilo que ainda não temos e que "virá por acréscimo", como bem diz o Mestre!
 
São Paulo, 20/02/2011. W.E.M.

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