terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Crônica - Ano III - Nº 112 - "Pés-no-chão"

O ano veio com tudo. Ainda ajustando a casa, fazendo aquela faxina, fechando o trabalho para o ano de 2010 (professor, claro!)... Janeiro é um mês bacana pra isso!

Muitos sonhos, mas ao mesmo tempo... com pés-no-chão. Fundamental para que os sonhos saiam do papel.

Uma anedota que trago à mente para ilustrar a situação é a do homem apaixonado, que dia e noite sonhava com sua amada. Certo dia ele resolveu tomar coragem, e começou a escrever cartinhas para sua amada. Escreveu uma, duas, quatro, dez, cinquenta... Poucas ou nenhuma resposta. Assim, ele se levantou de sua escrivaninha e resolveu ir procurar sua amada pessoalmente. Assim que chegou ao endereço dela, o rapaz não a encontrou. Resolveu, então, procurar a vizinha e perguntar de seu paradeiro: "ela se casou. Casou com o carteiro que todo dia aparecia para lhe entregar umas cartinhas". Pobre rapaz... ficou nos sonhos e quem venceu na prática foi o humilde carteiro...

A historinha acima mostra bem o cuidado que temos de ter com os nossos sonhos, para que não virem devaneios. Sonhar é muito bom, alimenta nosso futuro e nosso dia, nos instiga para nossos desafios! Porém quando só ficamos nos sonhos, e não colocamos mãos à obra, podemos ter o destino do rapazinho da anedota acima: ser vencido pelos "carteiros" da vida.

Topar com a realidade nos permite em diversas oportunidades livrarmo-nos de quebrar a cara. Ter pés-no-chão é digno do homem prudente: ele vê onde estão os buracos para não cair, onde estão seus pontos fracos, quais os próximos passos a serem tomados. Ele vai pra cima, alimenta seus sonhos, mas não de maneira imprudente, sem planejar. No último final de ano, corri a São Silvestre pela terceira vez seguida: mais uma vez, os quenianos dominaram a prova. Vi uma entrevista com um deles onde o mesmo dizia: "sonho com o pódio, mas só na hora da corrida é que vamos ver". Ele ficou entre os cinco melhores. Sonhou, mas literalmente "correu atrás", não ficou devaneando com o pódio, deixando-o virar uma utopia.

É muito legal ver vários amigos meus, terminados os estudos na geografia, correrem atrás de seus sonhos e materializá-los (ou pelo menos, estarem correndo para tal). Alguns passaram em concursos, outros entraram para um trabalho em uma empresa bacana, outros estão lançando seus currículos, outros caminham para a pós-graduação... No final do ano passado, pude testemunhar as lágrimas de uma amiga minha ao receber seu certificado de conclusão. Ela me disse: "esse é o resultado de anos de luta, um sonho realizado". Pôr um sonho em prática significa sua construção tijolo a tijolo. Os empresários não fazem grandes negócios na "mão beijada": tem reuniões, ficam dependurados no celular; tampouco um engenheiro fica babando na frente da planta do prédio almejado: ele vai lá, põe o capacete e trabalha. Assim deve ser conosco: temos sonhos? Ótimo, mãos à obra! Com o que temos e somos, mas mãos à obra, o que mostra o nosso espírito de pés-no-chão.

Poderia aqui falar de vários sonhos meus e de pessoas com que tive oportunidade de conversar. Aplaudo todos, desde que acompanhados dos devidos meios para serem reais, seja de forma mais lenta e gradual, seja por uma grande força de vontade que arrase quarteirões, ciente dos obstáculos e revezes que podem pintar, para ambos os casos. Você, leitor ou leitora: sei que tem um grande sonho, um alvo a ser atingido. Vá em frente, atropele os obstáculos, conquiste esse seu grande desejo. Saia daqui a pouco da frente do micro (ou fique na frente dele, se isso fizer parte do script) meticulando a próxima cartada para a conquista. Lembrando sempre: com pés-no-chão. Sonhar sem ter pés-no-chão é inviabilizar a concretização dos maiores desejos. Olhe ao redor, veja os obstáculos e a realidade e pule por cima (de maneira lícita, claro - passar a perna no vizinho não vale).

Dessa forma, deixaremos o carteiro da história a ver navios, mudando seu final: os sonhadores - com pés-no-chão - é que levarão a melhor!

São Paulo, 12/01/2010. W.E.M.

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