sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Crônica - Ano III - Nº 108 - "Crônica de uma etapa concluída"

Crônica-homenagem especial apresentada no dia da apresentação do TGI, em 17/12/2009.

Confesso que essas palavras, entre as quase cem páginas deste trabalho, foram as mais difíceis de serem feitas. Pensei e pensei em casa, na faculdade, no ônibus, pelas ruas: como agradecer tanta gente que passou pelo caminho? Como agradecer a Deus (sim, sou católico, creio em Deus e Nossa Senhora) por mais uma etapa concluída em 25 anos de vida? Fiquei com um sério receio de esquecer alguém.

Pois bem, depois de muito “quebrar a cabeça”, resolvi escrever uma crônica especial (sou cronista, tenho blog e tudo) em homenagem a todos esses que estiveram comigo nesta jornada que se encerra com a apresentação deste estudo. Na verdade, não é uma jornada que se encerra, mas sim um “pedágio”: não adianta, TGI é como um pedágio que temos de enfrentar quando nos dirigimos por estrada às terras paradisíacas, à nossa chácara no interior ou em direção à praia. Passando o pedágio do TGI, só alegria: novos planos, novas metas, um novo horizonte se abre, tal qual quando, ao passarmos pelo pedágio da Rodovia dos Imigrantes ou Anchieta, nos deparamos com a visão maravilhosa da Baixada Santista do alto da Serra do Mar, nos esperando. Mas o legal disso tudo é que não fiz essa viagem sozinho. E estou certo que as viagens futuras, como esta que se inicia com a apresentação do TGI, não farei sozinho.

Essa viagem começou em 2004 (2003, se considerarmos o vestibular). E desde aquele 4 de Fevereiro de 2004, quando fiz minha matrícula, veria o desafio que estava colocado para o curso de Geografia: conhecer mais gente, fazer novas amizades. Universidade de conhecimento, sim senhor: mas o termo universidade também vai se referir à universidade de pessoas, temperamentos, jeitos, costumes, formas de ver e pensar o mundo congruentes ou não com as minhas. Dar as costas a essa universidade de pessoas (o que foi e é opção de algumas pessoas espalhadas pelos cursos deste campus), sinceramente, tornaria esse final/início de etapa bastante amargo. Diria mais, insuportável, e não somente insuportável a apresentação de um trabalho final, mas sim todos os outros dias anteriores vividos na universidade do conhecimento.

Vieram as aulas, trabalhos de campo, seminários, eventos dentro e fora da USP. Noites sem dormir e bem dormidas, festas, bate-papos na rampa ou no pátio, bandejões... muita, mas muita coisa. Cada ano, cada mês, cada dia com sua específica história. E sempre acompanhado. Seja por meu pai, minha mãe e meu irmão (desculpas a todos, estes não poderia deixar de citar: seria um crime hediondo), mesmo que à distância, através de um pensamento, um desejo de boa sorte numa prova ou uma ligação no celular. Ou pelos amigos, presentes de maior maneira ou não, cada um com suas circunstâncias. Nunca sozinho.

Como bem diz o provérbio, “um amigo ajudado por outro amigo é como uma cidade amuralhada”. Assim, hoje posso dizer que sou uma cidade amuralhada, e digo isso sem um pingo de receio. Outro dia alguém me perguntou: “Wanderlei, de onde você tira forças para cada dia?”. Respondo, então: ao lembrar-me primeiro de Deus, que jamais cansará de apostar nesse reles mortal que aqui vos escreve. Ao lembrar-me dos meus pais e meu irmão minha família, que silenciosamente e em gestos grandes ou pequenos, apostam em mim, onde estiverem. E ao lembrar-me dos rostos de meus amigos: quando lembro que os irei encontrar, pronto! Vêm fáceis, fáceis as forças. Não, não citarei nomes, pois também seria um crime esquecer de algum nome e faria mea culpa até o final dos tempos. Encontrá-los onde seja me faz sentir um privilegiado, e para mim eles valem muito, mas muito mais que o diploma que terei de geógrafo (valeu, USP: também te agradeço, pois você foi a pista por onde essa estrada passou). Incluo nessa lista de amigos não só os amigos de USP (alunos, funcionários, professores), mas os amigos do bairro e da cidade (Pedreira, Pinheiros, Itaim, Vila Mariana, Bela Vista, Pacaembu, Sumaré, entre muitos outros mais), os que estão no interior do Brasil e do Mundo andando por sua estrada, os que já se foram. Ah, os amigos... Será que não me esqueci de alguém? Espero que não.

Assim começo esse trabalho e termino esta etapa: realizado, infinitamente mais do que, como diz meu pai, se estivesse numa multinacional ganhando 4 mil reais. Isso pra mim é palha, pois percebi, nessa estrada, que tenho pessoas ao meu lado que valem fortunas incomensuráveis. Deus e minha Mãe. Meu pai. Minha mãe. Meu irmão. E todos esses meus amigos. Jóias preciosas. Este trabalho é de vocês.

São Paulo, 17/12/2009. W.E.M.

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