segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Crônica - Ano II - Nº 99 - "Piedade"

Chegamos a uma interessantíssima data do ano. 12 de Outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida e Dia das Crianças! Como, então, juntar os dois temas para uma crônica?

Pensei, pensei e pensei, e achei um "gancho" capaz de unir as duas questões, que é a piedade, uma virtude das boas! Ontem estava eu, em mais um trabalho de campo ao Assentamento Milton Santos, em Americana, no projeto no qual participo há quase três anos. Chegando lá, nosso grupo topou com uma celebração feita por uma pastoral da cidade de Limeira, onde foi feita a coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida. E no ato da coroação, muitas crianças, dando "vivas" à nossa Mãe e jogando pétalas de flores. Foi um momento muito bonito que presenciamos em nosso trabalho.

O momento narrado acima dá bem a dimensão do que seria piedade: é saber agir com a candura e simplicidade das crianças em todas as coisas. Não confundam, por favor, com infantilidade boba, ingênua, cheia de piadinhas sem graça, choros e mimos. A piedade traz consigo a simplicidade das crianças, mas ao mesmo tempo a firmeza e maturidade dos adultos. Ao mesmo tempo a piedade, para existir de fato, precisa de um requisito fundamental: a fé em Deus, em uma força maior. Uma pessoa cética jamais pode exercer a virtude da piedade, pois justamente ao exercer esse ceticismo ela estará fechando as portas para a esperança e a simplicidade, entre outras virtudes, embutidas nas crianças.

Vem à cabeça a recente história do irmão de um amigo meu, que foi rezar aos pés de sua tia doente junto com seus amiguinhos. Essas crianças, com muita simplicidade, foram pedir a melhora do quadro de saúde da tia rezando orações simples, daquelas que rezamos antes de dormir, sem muitas palavras mas recheadas de carinho e sinceridade. Ou então, lembro agora de outro "causo" de uma grande amiga minha, que conta que, quando pequenininha, adorava aprontar com sua irmã caçula. E na hora do justo "acerto de contas" dos pais com essa minha amiga, justamente a irmãzinha caçula ia agarrar-se à barra da saia da mãe, pedindo com inocência: "num bati nela, não!".

Pois bem, o mundo de hoje anda muito carente dessa simplicidade das crianças, seja na vida de fé, seja na vida cotidiana. Ficamos mais "chatos", céticos, sem muito ritmo para atos simples e brincadeiras. Substituímos as palavras mais simples por discursos prolongados e teses e achismos científicos que não justificam absolutamente nada e só servem para injetar nas pessoas o vírus do desânimo, da descrença. Há pouco tempo saíram pesquisas informando do alarmante aumento dos índices de estresse para as diversas faixas etárias. Enfim, chegamos ao advento de uma sociedade conformada com relativismos, que perdeu o ânimo para crer numa força e num futuro maior. Uma sociedade pouquíssimo piedosa.

Assim, a data de hoje nos convida a refletir: será que sou um desses adultos tristes, sem expectativas de um futuro melhor, sem fé? Será que chutei pra longe minha fé e orações de infância pro meu Paizinho, pra minha Mãezinha, e troquei-os pelo pessimismo dos jornais e dos atuais pensadores? Perdi a piedade?

Se você acha que se enquadra nessa turma da infância perdida e quer "voltar", há tempo. Comece voltando a rezar aquelas suas oraçõezinhas aos pés da cama, ao acordar e deitar. Seja simples: não tenha medo de sorrir, de errar, de rir com as próprias gafes, de ser o que é. E principalmente: apesar dos pesares, jamais perca a confiança de dias e pessoas melhores, e na Força maior. O mundo de fato vai acabar no dia em que todos comprarem o discurso pessimista colocado mais acima, pois ali se perderia de vez o sentido da vida e da existência.

Piedade de crianças, pois o mundo e o futuro estão nas mãos delas. Estão nas mãos de quem realmente tem uma alma cândida e doce, de quem reza, pede e tem fé no dia de amanhã... tal qual as crianças, como as que vi aos pés de Nossa Senhora naquele ensolarado Domingo em Americana!

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS PARA TODOS NÓS!

São Paulo, 12/10/2009. W.E.M.

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