quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Crônica - Ano II - Nº 93 - "Impressões da Capital"

Amigos, escrevo esta crônica direto de Brasília, onde estou devido a uma apresentação no XI Simpósio Nacional de Geografia Urbana. Essa apresentação foi hoje, e agora, tranquilamente, posso escrever para vocês mais uma Crônica.

A temática desta Crônica está justamente na Capital Federal e as pessoas que a compõe. Muitos olham Brasília e a resumem ao Congresso, aos Ministérios, ao jogo do poder. A população, para estes que pensam assim, seria mera coadjuvante ou operários dos que detém esse poder nas mãos. Quero avisá-los que estão muito, mas muito enganados.

É muito interessante notar que o cidadão brasiliense possui origens diversas (mineiro, cearense, paulista, gaúcho), porém coloca antes de tudo sua naturalidade brasiliense. A história de cada um pode ser facilmente colocada em livro ou filme, pois muitos nasceram na primeira geração da cidade, na década de 1960, e descendem dos "candangos", os que levantaram Brasília. Há uma vida pujante na Capital Federal: documentos e decisões envolvendo todos os outros estados da nação estão por aqui, e esses brasilienses se orgulham de poder colaborar para que esta importante tarefa possa sair do papel, de participar mais de perto das decisões do poder central. Eles o fazem... o problema está quando chega naqueles que devem bater o martelo... vocês me entendem.

Há cidadania e educação pelas ruas da cidade: ruas limpas, arborizadas, os carros têm que parar na faixa de pedestres por meio de um simples aceno de mão (funciona, eu já o fiz por aqui, hehe!). E as pessoas saem motivadas para o trabalho, pois na volta deste é muito simples fazer um "happy-hour" (as ruas e praças te convidam a ir dar uma voltinha com a família ou bater um papo com os amigos após o expediente). Enfim, Brasília é uma cidade pra lá de interessante.

O leitor da Crônica talvez estranhe: ué, não vai ter algo falando sobre valores e virtudes? Vai só falar de Brasília e as pessoas?

Amigos, a nossa vida de cada dia possui como protagonistas Deus, nós e aqueles que nos cercam. Não é possível fazer a história de mais um dia sozinho: as pessoas e o ambiente que te cerca é que dão o cenário para que a história de sua vida se construa. Hoje mesmo, no SIMPURB, pude conhecer e conviver com pessoas dos quatro cantos do Brasil. Cada um com sua história, seus valores, seus sonhos, e eu pude trocar um pouco com eles da minha história, valores e sonhos. O resultado disso? Um dia que valeu a pena, com histórias pra contar... um dia vivido.

É ai onde entra Brasília e seus "filhos". Tanto a cidade como eles não tomaram pra si a posição de coadjuvante. Pelo contrário: percebi na alma da cidade e do brasiliense essa capacidade de vencer a rotina e ao mesmo tempo ter em mente sua responsabilidade nas tarefas que desempenha. No momento estou hospedado na casa de quatro pessoas que corroboram a alma brasiliense: culta, paciente, trabalhadora, hospitaleira, ciente das responsabilidades e totalmente avessa ao sepulcro da rotina.

Assim, se pudermos, quem sabe, aprender um pouquinho dessa alma cidadã que é a alma brasiliense, poderemos com certeza avançar em todos os quesitos de relações humanas, em virtudes. Estejam certos que, se dependesse do suor da camisa desses legítimos cidadãos brasilienses, os "rolos" deste país e a podridão que vemos no Congresso iriam pelo ralo. Eu sairei daqui aprendendo que posso, sim, fazer mais pelo País e pelos cidadãos do mesmo aprendendo com este espírito de laboriosidade e serenidade que vi por aqui, lutando por po-lo em prática em minha querida São Paulo.

Coloquemos um pouco dessa alma brasiliense em nossos corações nativos das diversas partes do País. Afinal, se assim o formos, ajudaremos os legítimos brasilienses daqui a pôr no olho da rua os "pseudo-brasilienses" que corroem as entranhas dos Três Poderes. E ampliaremos o conceito de brasiliense para Brasileiro. Seremos "cor unum et anima una".

Brasília, 02/09/2009. W.E.M.

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