domingo, 11 de janeiro de 2009

Crônica - Ano II - nº 61 - "Coerência"

Estava pensando sobre qual tema escrever para a Crônica desta semana, e lembrei de uma virtude que admiro, chamando-a "virtude de macho": coerência.

Mas, afinal, o que seria essa tal "coerência", da qual já falei para diversas pessoas que se trata de uma virtude que garante a solidez de um ser humano? Fui buscar em um conhecido dicionário o significado da palavra, para os que gostam do "pé-da-letra": "Ligação, harmonia, conexão ou nexo entre os fatos, ou as idéias". Essa palavra vem do latim cohaerentia, que significa harmonia.

Amigos, a virtude da coerência está ligada diretamente com a virtude da transparência, só que a transparência para bem. Coerente é a pessoa que sabe relacionar suas ações com os valores que traz consigo. É a pessoa que não é adepta do ditado "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço", mas sim procura unidade entre os valores e virtudes que traz consigo e as ações conseqüentes desse valor (obs.: sei que, segundo a nova Lei Ortográfica que passou a vigorar neste ano de 2009, não se usa mais o trema, mas até 2012 as duas formas de escrever são válidas. Como eu costumo usar trema, até lá vou escrevendo assim: não é falta de coerência, heheh).

Só que há um detalhe que é exclusivo da coerência: ela é aplicável somente quando se está em jogo um valor positivo, isto é, quando a ação concorre com uma virtude. O que eu quero dizer: não é coerente, por exemplo, alguém que ache correto o uso de drogas e use-as sem qualquer pudor. Pois aí não há por trás uma virtude, mas sim um vício, um erro, uma coisa contrária à dignidade do ser humano. Portanto não seria coerente falar e agir defendendo o ócio, o egoísmo, a indiferença, o ódio (como podemos ver em manifestações no Oriente Médio, nos últimos tempos). Seria, sim, uma incoerência para com o que o ser humano deveria ser ou defender.

Uma pessoa que luta por ter coerência nas ações não é capaz de adquirir comportamentos ou idéias que vão contra a postura ideal de um ser humano. Respeita os que tenham ideais contrários, mas não cede a estes, independente se os outros vão ou não gostar. É sólido.

Sou um admirador, como disse, da coerência. Fui educado, graças a Deus, aprendendo a valorizar os valores e virtudes, e nos últimos anos essa valorização só cresceu: o valor da família, dos amigos de verdade, dos relacionamentos sólidos, da luta diária no trabalho e estudo, da importância de se ter uma fé, de ser uma pessoa que transmita confiança, fortaleza, alegria, paz, otimismo, etc... E o mais importante disso: de procurar não ter esses valores anotados num caderninho e agir como se não os conhecesse. Muito pelo contrário: valores anotados, mas principalmente batalhando para que sejam praticados. Posso dizer sem titubear: jamais perdi, ao defendê-los e praticá-los.

E já travei bons "duelos" pra defender essa coerência: certa vez, quando escrevi uma crônica que criticava duramente o "ficar" (o que comparo a usar uma pessoa para diversão, ou pura defesa de um medroso descompromisso), recebi um e-mail carinhoso de uma grande amiga minha, se opondo a este ponto de vista. Respeitei (e respeito) sua posição, porém fiz fincapé: não poderia dizer que o errado era certo. Não poderia ficar em cima do muro, ou adotar um discurso falso de achar que o normal nos dias de hoje é "ficar". Seria incoerente com os valores que recebi, pois defenderia erros como a deslealdade, e pela indiferença sepultaria uma virtude essencial, na qual acredito: amor, pois quando se quer gostar de verdade o amor sabe esperar, pois é paciente; e quando se está gostando de verdade o amor é por uma só pessoa, pois é fiel.

Talvez valha a pena um exame de consciência: no que costumo fazer e agir, chamo o errado de certo? Ou luto por defender nessas atitudes posições que estão de acordo com valores e virtudes que independem de se ter ou não uma fé, para se constituirem como Verdade?

Não adianta fugir, Ok? Pois a Coerência jamais fica em cima do muro.

São Paulo, 11/01/2009. W.E.M.

Nenhum comentário: